Representantes dos assentamentos paranaenses do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) passaram o dia de ontem reunidos no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Curitiba. Eles continuam acampados e bloqueando a Rua Dr. Faivre, entre as Avenidas Sete de Setembro e Visconde de Guarapuava, onde fica o prédio do Incra. Hoje nova reunião deve atender a demanda dos acampados, com informações sobre previsão e obtenção de novas terras.
Além dos cerca de mil integrantes acampados na quadra, na noite de terça-feira e ontem pela manhã chegaram à capital mais 300 sem terra. A comida está sendo preparada de forma improvisada em frente ao Incra, assim como a higiene pessoal, em banheiros próximos ao local.
A expectativa, segundo Luiz Alonso Sales, da direção estadual do MST, é de que hoje seja fechado um convênio de assistência técnica com o Incra, a Secretaria de Estado da Agricultura e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). ?O acordo vai permitir a contratação de técnicos para auxiliarem na produção e na elaboração de projetos do MST?, disse. O movimento pode deixar o espaço ocupado amanhã. ?Tudo vai depender das negociações que ocorrerem até lá?, informou Sales.
Pela manhã de ontem, os sem terra apresentaram a pauta de reivindicações ao Incra e o período da tarde serviu para esclarecer dúvidas em relação a problemas pontuais dos assentamentos do Paraná, como negociação de dívidas e infra-estrutura (água, luz, centros de saúde e estradas), liberação de crédito de investimento e custeio por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
O desbloqueio de recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) foi outra cobrança do MST, para o funcionamento dos cursos nas quatro escolas mantidas pelo movimento no Estado. As negociações contaram com a presença de representantes do Banco do Brasil, Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel), Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Eletrosul e Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Com a tentativa de ampliar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para os assentados, outra reunião foi realizada entre representantes do MST e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A mobilização faz parte da jornada nacional de luta do movimento, que acontece durante esta semana e pressiona pelo assentamento de 150 mil famílias em todo o Brasil.