Um incêndio destruiu, ontem, um prédio histórico construído na década de 1930 por imigrantes sírio-libaneses, no centro de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O fogo começou por volta das 6h30 e demorou 1h30 para ser controlado. O interior do local, que era de madeira, foi totalmente destruído. Só as paredes externas ficaram em pé. Existe a suspeita de que o fogo tenha sido provocado por moradores de rua, que se abrigavam no prédio, que estava abandonado e em processo de tombamento. Não houve feridos.
O tenente Marcelo Silva, do Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa, disse que os bombeiros tiveram muito trabalho para conter as chamas. O telhado e o interior do prédio eram de madeira. Dentro de uma hora e meia tudo foi consumido pelo fogo.
Durante todo o dia de ontem, os bombeiros trabalharam no rescaldo, retirando os escombros e apagando novos focos. Mais de 20 bombeiros atuaram no local e foram usados cerca de 50 mil litros de água. O fogo chegou a ameaçar um prédio residencial e comercial que fica ao lado. Os bombeiros usaram água para resfriar o edifício. Os moradores e comerciantes saíram de casa para esperar o perigo passar.
A Polícia Civil vai instaurar inquérito para apurar as causas do sinistro. O chefe do setor de investigações e capturas, Marcos Lustoza, disse que as investigações vão começar depois que técnicos da prefeitura emitirem um laudo sobre a segurança do local. A estrutura das paredes pode ter sido afetada pelo calor.
Uma das suspeitas é que o fogo tenha sido provocado por moradores de rua, que costumavam se abrigar no local que estava abandonado. Quando o incêndio começou foi visto um deles saindo do prédio. A responsabilidade também pode recair sobre a Prefeitura. Lustoza diz que o local estava na lista de inventário de bens com interesse de preservação e por isto deveria estar sendo protegido.
A diretora de patrimônio cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Ângela Pilatti, diz que o prédio integra a lista desde 1999, mas até agora não havia sido tombado. A reunião do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural que decidiria o destino do prédio foi cancelada há cerca de um ano porque os conselheiros se desentenderam sobre uma das normas do tombamento. A questão foi levada à Justiça e ainda não havia sido dado uma resposta. Na terça-feira da próxima semana, haverá uma reunião do conselho e o destino do prédio deve ser discutido.
Ângela diz que o imóvel tem grande valor histórico por sua arquitetura de época e por ter abrigado, por muitos anos, atividades culturais de imigrantes sírio-libaneses. Nos últimos anos, o prédio de dois andares, havia sido sede de um clube de xadrez e uma confeitaria.