Duas casas com histórias diferentes encontraram o mesmo destino no final manhã desta sexta-feira (9), no bairro São Francisco, em Curitiba. O imóvel abandonado localizado na na Rua Trajano Reis, esquina com a Rua Paula Gomes, foi consumido pelas chamas, que também atingiram a Casa do Contador de Histórias.
A casa pichada era utilizada como “mocó” por usuário de drogas, enquanto a casa amarela tinha a missão de perpetuar a arte de contar hisórias. O espaço tinha sido reformado, com o trabalho de voluntários, há pouco tempo. O fogo começou pouco depois das 11 horas da manhã. Como os prédios estavam vazios, não houve registro de feridos.
A assistente administrativa Célia Canani, que trabalha no colégio em frente ao local, disse que a presença de moradores de rua era constante no imóvel abandonado. “Eles sempre invadiam a casa para fazer uso de drogas, pulando o portão lateral”. As labaredas com cerca de três metros de altura destruíram o telhado das casas e por pouco não atingiram os carros que estavam estacionados na região. Um dos veículos era gestora de planejamento urbano Cynthia Patrício. “Sempre deixo o carro aqui, levei um susto quando olhei da janela do meu trabalho e vi o casarão em chamas. Ainda bem que a parede não caiu sobre meu carro. Tive sorte”, disse aliviada.
Segundo o guarda Fábio, da Guarda Municipal de Curitiba (GM) é feito o patrulhamento da área, mas a responsabilidade de manter a segurança é do proprietário. “A GM informa a Secretaria de Urbanismo da prefeitura que o local é um mocó. Eles acionam os donos, que devem tomar providências, como por tapumes para impedir a invasão”.
Em função do incêndio, as ruas Trajano Reis e Paula Gomes tiveram o trânsito bloqueado das 11h até por volta das 14h, quando os bombeiros conseguiram conter as chamas por completo. O trânsito ficou complicado e os motoristas foram orientados pela Setran e pela Guarda Municipal.
150 anos de história
O imóvel abandonado que teve o interior completamente destruído é da família da gerente comercial Glória Romero. “Esta casa tem mais de 150 anos, já foi um açougue da minha família. Há três anos ela estava vazia, desde que meu primo, antigo morador, morreu. Sempre falei para meu outro primo, que é o atual proprietário, que esta casa deveria ser alugada, pois era perigoso deixar vazia. Sempre tive medo que o imóvel pegasse fogo”.
Construindo histórias
A Casa do Contador de Histórias, que foi parcialmente destruída, é uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – que trabalha levando cultura e resgatando autoestima e levando coragem e vontade de viver a pessoas que estão em situação de risco social. Segundo Lídia Hanke, Diretora Geral da Casa, “o espaço foi danificado, mas o sonho não”.
Por meio das redes sociais, várias pessoas já manifestaram interesse em ajudar na reconstrução da Casa do Contador de Histórias. Na noite de sexta-feira foi realizado um encontro em frente ao local para ouvir histórias dos contadores, receber doações e atrair novos voluntários.
Aliocha Maurício |
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Fogo começou por volta das 11h, no São Francisco. |