Foto: Lucimar do Carmo/O Estado |
Machado: ?A lei impede a aplicação de punições pedagógicas?. continua após a publicidade |
Segundo dados dos sindicatos que representam as entidades mantenedoras de ensino superior no Brasil, a média de inadimplência nas universidades privadas é de 23%. Já nas escolas de ensino médio, o índice chega a 12%. Estes números, segundo especialistas, vêm crescendo desde que a lei 9870/99, que dispõe sobre as anuidades escolares e condições para a celebração de contratos entre alunos e instituição – também conhecida com lei do calote -, entrou em vigor.
De acordo com o consultor na área de educação Dorival dos Santos Machado, o que acaba estimulando a inadimplência são os índices que a lei permite aplicar no caso do não-pagamento da mensalidade – multa de 2% e juro de 1% ao mês. ?Além disso, a lei impede a instituição de aplicar qualquer punição pedagógica?, falou. Segundo Machado, essa situação ficou agravada com flexibilização para a abertura de novas escolas que ocorreu no governo do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. ?Antes disso havia fila de espera por vagas nas escolas, e hoje existe uma concorrência muito grande. Além disso, a classe média perdeu em média 11% do seu poder aquisitivo, e na hora deixa alguma conta sem pagar, a escola acaba sendo a primeiro opção?, comentou.
Mas mesmo diante desse quadro, o especialista afirma que é possível reverter a situação e baixar os índices de inadimplência. Como primeiro passo, ele garante que as escolas precisam ter consciência de que elas são empresas, e, por isso, mudar o modelo conceitual e romper com o continuismo. ?É preciso fazer pressão na hora de cobrar, criar departamentos específicos para isso ou até mesmo contratar uma empresa especializada em cobrança?, disse Machado. Isso é um ponto importante, completa, porque normalmente 60% da receita é folha de pagamento.
Outra dica é fazer uma matrícula bem feita, pegando todas as informações sobre o aluno, com endereço e documentação, até dados do serviço de restrição ao crédito. Além disso, criar mecanismos de incentivo a adimplência, como bônus para quem pagar antes da data, sorteio de brindes ou cartão fidelidade. Definir qual será a forma de cobrança, se via telefone, pessoalmente ou por correspondência. ?Mas mesmo com essas medidas é preciso fazer uma avaliação constante da tática, e, se preciso, mudar a forma de agir para melhorar os resultados?, comentou. Dorival Machado frisou que antes de tudo a escola precisa ter um mantenedor focado nesse cenário, bem como uma equipe preparada para isso. ?Não adianta deslocar um funcionário de outro setor para ouvir e negociar com o inadimplente. Se ele não for da área as intenção falham?, finalizou.