Improvisação na hora do enterro

Enquanto muitas pessoas têm a convicção de que a morte é a única coisa certa na vida, encontrar o lugar para o ?descanso eterno? não tem sido assim tão confortável. Alguns cemitérios públicos do Paraná estão atingindo a sua capacidade máxima para sepultamentos, e o jeito tem sido improvisar na hora do enterro. Para liberar as vagas, as prefeituras estão convocando os familiares das pessoas sepultadas para que retirem os restos mortais das covas.  

Em Jaguariaíva, Norte Pioneiro do Estado, o único cemitério da cidade está lotado e não existe previsão, a curto prazo, para a destinação de um novo local para os enterros. O responsável pelo Cemitério Municipal de Jaguariaíva, Nestor Brizola de Miranda, lembra que na década de 60 o então cemitério Cristo Rei atingiu sua capacidade máxima, e a Prefeitura construiu um novo espaço ao lado, o cemitério Bom Jesus. Nos dois espaços públicos já foram sepultados cerca de 11,2 mil pessoas e, agora, não existe lugar para colocar mais ninguém.

Como alternativa, Miranda tem aberto covas nos corredores entre os túmulos, ou utilizado o mesmo espaço onde já foram sepultadas outras pessoas. Ele garante que não está colocando uns em cima dos outros, e sim liberando as vagas. ?A legislação do município permite a retomada do túmulo caso em cinco anos ninguém conserve o local?, explicou.

A Prefeitura de Jaguariaíva informa que está comprando um terreno para a construção de novo cemitério.

Intimar os familiares das 650 pessoas enterradas no cemitério Jardim da Saudade, em Londrina, no norte do Paraná, tem sido uma forma para conseguir mais vagas no cemitério. Apesar de afirmar que a situação das ocupações nos cinco cemitérios municipais na área urbana e outros oito distritais estarem confortáveis até 2010, o superintendente da Administração de Cemitérios e Serviços Funerários (Acesf), Oswaldo Moreira Neto, não descarta que essa é uma alternativa que pode dar um alívio para as vagas. ?Quando ocorre o óbito, as famílias recebem da administração municipal um terreno para o sepultamento e tem um prazo de até três anos para adquiri-lo. Quando isso não ocorre, a lei nos faculta retirar os restos mortais para exumação?, explicou.

Espera

Curitiba tem quase mil pessoas inscritas em uma fila de espera para a compra de terrenos em um dos quatro cemitérios municipais e um conveniado. Após uma revisão feita no cemitério Água Verde, a Prefeitura conseguiu identificar 704 sepulturas abandonadas de um total de 11,3 mil que existem no local -, das quais, 521 as famílias perderam com concessão de patrimônio devido ao abandono.

O diretor do departamento de serviços especiais da Secretaria do Meio Ambiente, Walmor Trentini, explicou que com isso conseguirão diminuir a fila de espera, que estava parada por nove anos.

Cremação virou uma alternativa

Uma alternativa que começou a ganhar espaço no Paraná foi a cremação. Hoje no Estado existem dois crematórios, em Pinhais e Campinha Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, que funcionam há cerca de sete anos. O número de adeptos vem aumentando e atualmente são realizadas uma média de 15 procedimentos por mês.

Segundo informações do Crematorium Metropolitan, do Grupo Jardim da Saudade, a cremação era uma opção escolhida pelos jovens, e hoje pessoas de todas as idades, e todas as religiões, estão procurando o serviço. O corpo só é cremado após o velório convencional e passadas 24h do óbito. pode ocorrer até 72h se for vontade da família.

Na sede do crematório existe ainda uma cerimônia de despedida onde o caixão permanece fechado. Só depois ele segue para o procedimento, onde é submetido a uma temperatura de mil graus por cerca de 1h30. Essa etapa não é acompanhada por ninguém da família. As cinzas são entregues no dia seguinte. O custo médio da cremação de um adulto é de R$ 3 mil. Existe a opção de fazer planos preventivos, onde se adquire a cremação para uso futuro, e os valores podem ser pagos em 12 ou 24 vezes.

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