Numa novela que se repete desde o início de 2013, quando grupos rivais passaram a administrar a prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná, a disputa política está colocando em risco a integração do transporte coletivo da capital e municípios vizinhos. O centro do desentendimento está no subsídio repassado ao sistema pelo governo estadual, que quer reduzir o valor investido mensalmente de R$ 7,5 milhões para apenas R$ 2,3 milhões. A administração municipal rejeita o novo valor e, como sempre, quem corre o risco de pagar a conta dessa briga é a população.

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A redução do subsídio está prevista na proposta enviada pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) à Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) na última sexta-feira, para renovação do convênio que viabiliza a operação do transporte metropolitano, de maneira integrada com as linhas urbanas da capital. O convênio está vencido desde 31 de janeiro.

A proposta da Comec está embasada em uma Pesquisa de Origem e Destino encomendada pelo órgão junto Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e apresentada em novembro de 2014. O estudo aponta que o custo das linhas metropolitanas equivale a 27,82% do custo total do sistema, menor do que era apontado anteriormente pela Urbs. Por isso, o órgão estadual pretende reduzir o valor do subsídio. A Urbs já questionou tecnicamente a pesquisa, em dezembro.

Se os cálculos da Comec fossem aceitos, a Urbs deixaria de contar com R$ 5,2 milhões por mês, aproximadamente. Em um ano, seriam mais de R$ 62 milhões a menos para o sistema.

Briga política entre Richa e Fruet pode estourar no bolso do povo, como mostrou a Tribuna em 2013 e 2014.
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Gambiarra

Segundo Roberto Gregório da Silva Junior, presidente da Urbs, o entendimento do município é de que, sem a renovação do convênio, a solução momentânea é manter a operação integrada, mas com separação financeira. Ou seja: passaria a ser da Comec a responsabilidade de fazer a remuneração das empresas metropolitanas. Enquanto isso, a Urbs mantém a gestão da operação integrada do sistema e faz o pagamento para os três consórcios licitados pelo município de Curitiba.

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Capenga

Mesmo com o convênio anterior vencido, o governo estadual ainda deve R$ 16,5 milhões de subsídios relativos a 2014. O atraso nesses repasses levou as empresas que operam o sistema a atrasar o pagamento de seus funcionários, o que levou à paralisação parcial dos motoristas e cobradores na semana passada. Além disso, a administração estadual ainda não licitou o transporte metropolitano, o que deveria ter ocorrido até o final do ano passado.

Conta salgada

Se o governo do Estado, comandado por Beto Richa (PSDB), e a prefeitura de Curitiba, administrada por Gustavo Fruet (PDT), não chegarem logo a um acordo para renovação do convênio, a bomba vai estourar no bolso da população. Sem a integração metropolitana, quem mora nos municípios vizinhos da capital não poderá mais trocar de ônibus nos terminais de Curitiba. Ou seja, terá que pagar ao menos duas passagens quando precisar pegar outra linha para se deslocar dentro da cidade. Além disso, não se sabe qual seria o valor da tarifa metropolitana, que tende a ser maior que a tarifa paga pelo usuário em Curitiba, que atualmente é de R$ 2,85.