Um projeto de atendimento social odontológico, que funciona há dois anos na Ilha do Mel, vai ser interrompido. O motivo é que o casal de dentistas que desenvolve o projeto não conseguiu liberação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para a ampliação da casa onde o consultório improvisado funciona.
Segundo o dentista Carlos Justo, o projeto da Clínica Odontológica foi implantado em 2001 para atender as comunidades da Ilha do Mel e Teixeira. Ele e a esposa desenvolvem um trabalho de prevenção e tratamento odontológico em uma área improvisada, dentro de uma residência na região de Nova Brasília. Eventualmente, também recebem outros dentistas voluntários que atuam no projeto.
Atualmente, eles contam com duas cadeiras odontológicas, mas apenas uma pôde ser instalada devido à falta de espaço. O local chamado de “escovódromo”, onde é feito um trabalho de educação bucal com as crianças, fica ao ar livre. Quando chove, a atividade não pode ser realizada. Segundo Justo, parte do projeto funciona através de parcerias, como do Conselho Regional de Odonotologia e moradores da ilha.
Nesse tempo de funcionamento, se fossem somados todos os procedimentos realizados pelos profissionais, teriam sido gastos R$ 500 mil. No entanto, esse custo não passou de R$ 35 mil. Ele destaca que para continuar com o atendimento solicitou a ampliação de uma área coberta. A alegação do IAP para negar o pedido foi que a construção atual já ocupa 40% da área do terreno, e sua ampliação iria ferir o plano de uso da ilha.
O dentista lamentou a decisão e disse que agora o projeto será todo transferido para a Ilha do Teixeira, onde vai ser realizado em parceria com a iniciativa privada e Prefeitura de Paranaguá. Na Ilha do Mel, afirmou Justo, apenas o projeto Odonto Surf – que faz um trabalho de prevenção nas escolas – terá continuidade, porém sem o atendimento à população.
Sem demanda
O presidente do IAP, Rasca Rodrigues, afirmou que o pedido foi negado porque não existe demanda para dois dentistas atuarem na Ilha do Mel. Ele também destacou que não existe um levantamento do impacto do projeto junto à comunidade. Além disso, o trabalho desses profissionais teria sido questionado pela população. “Em nenhum momento recebemos alguma solicitação do conselho gestor da ilha ou dos moradores para a continuação do projeto”, afirmou Rasca. Se houver alguma manifestação nesse sentido, o presidente do IAP disse que “o assunto pode voltar a ser discutido”.
