Centenas de sacos de lixo se acumulam na Ilha das Peças, em Guaraqueçaba, Litoral Norte do Estado. Segundo a associação dos moradores da ilha, desde o fim do ano passado a Prefeitura não dispõe de barco para a retirada do lixo, o que vem gerando uma série de transtornos à população.
A presidente da Associação, Iná Xavier Pereira, conta que, para evitar que os resíduos permaneçam a céu aberto, os moradores os estão acumulando provisoriamente em um antigo barracão da Copel. “Estamos colocando o lixo reciclável no barracão, que atualmente pertence à Prefeitura. O orgânico está sendo enterrado e parte do lixo de banheiro, considerado mais problemático, está sendo queimada”, explica.
Os moradores da ilha temem que, devido ao acúmulo de lixo, comecem a surgir casos de dengue e leptospirose na região, além de outras doenças. O possível contato de crianças com o lixo também é uma preocupação, sendo que elas podem se ferir com materiais cortantes. “Existem muitas crianças na ilha e estamos tentando fazer o possível para que ninguém adoeça, porém vai chegar uma hora em que não vamos mais ter lugar para acumular os resíduos”, diz Iná.
O antigo barracão da Copel está localizado ao lado da cozinha comunitária da Ilha das Peças, onde treze mulheres trabalham na fabricação de doces e salgados a serem vendidos a turistas e aos próprios moradores de Guaraqueçaba. A responsável pela cozinha, Ilda Carvalho, teme que a presença do lixo possa dar uma impressão de falta de higiene ao estabelecimento e atrapalhar os negócios.
“Cuidamos bastante e evitamos qualquer contato com o lixo. Até agora, não tivemos nenhum prejuízo, mas tememos que as pessoas deixem de comprar nossos produtos ou passem a ter uma imagem ruim do estabelecimento”, comenta Ilda. Outra preocupação é de que o não recolhimento do lixo prejudique o turismo na Ilha das Peças, afastando inclusive proprietários de casas de veraneio.
Prefeitura
O prefeito de Guaraqueçaba, Antônio Felício Ramos Filho, alegou que o lixo não está sendo recolhido por falta de verba. Segundo ele, este ano o município não recebeu dinheiro da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e, por isso, está sem condições de comprar um barco e cuidar do recolhimento dos resíduos.
O Estado entrou em contato com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, mas não obteve retorno.