Sindicatos de todo o País serão estimulados a incluir em suas próximas campanhas salariais itens que promovam a igualdade de gêneros. Hoje as mulheres representam quase a metade da força de trabalho, no entanto ganham em média 60% a menos que os homens. A idéia faz parte da Campanha Nacional de Combate à Violência contra a Mulher Trabalhadora, lançada ontem em Curitiba pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Segundo a coordenadora da Secretaria da Mulher da CUT-PR, Eliana Maria dos Santos, uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, feita em 1999, mostra que uma pessoa do sexo feminino que exerce a mesma função de um homem ganha até 40% menos. "A situação piora se a mulher for negra", comenta. Segunda ela, as empresas criam níveis para um mesmo cargo e os homens estão sempre à frente.
O baixo salário das mulheres acaba trazendo reflexos negativos para toda a sociedade. Boa parte delas é chefe de família e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 70% vive abaixo da linha de pobreza. Segundo Eliana, serão criadas oficinas para os componentes das mesas de negociação aprenderem a elaborar as propostas exigindo a igualdade entre os gêneros. "Cada segmento vai avaliar o que cada setor precisa".
Além da diferença salarial, Eliana cita que as mulheres são mais assediadas moralmente do que os homens. Isso acontece devido à licença-maternidade e também às doenças ocupacionais a que elas estão mais suscetíveis. "O capitalismo se apropriou dos valores que existiam na sociedade patriarcal, onde a mulher era muito discriminada. Mas precisamos de mudanças", diz.
Também está em pauta a violência doméstica. Uma pesquisa da ONG Instituto Pró-Mundo do Rio de Janeiro mostrou que, de cada três mulheres, uma já foi agredida pelo seu parceiro ou alguém da família. "Vamos dar uma maior visibilidade à questão", diz. A campanha terá duração de dois anos.
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