Igrejas tombadas ameaçadas de interdição

A interdição de igrejas antigas por causa da falta de manutenção e conservação sempre gera transtornos e prejuízos. No mês passado, duas igrejas foram interditadas no Paraná: a matriz do município da Lapa, fundada no século XVIII por tropeiros; e a de Guaratuba, também construída no século XVIII, por escravos, e considerada uma das mais tradicionais do litoral do Estado.

Tombadas pelo Patrimônio Histórico Estadual e Federal, as duas igrejas tiveram as portas fechadas por apresentarem riscos de desabamento. Como tombar não significa destruir, mas sim proteger e preservar, a interdição de ambas as igrejas gerou muitas reclamações. Os usuários dos locais não se conformaram com o fato de edificações consideradas patrimônio nacional terem chegado a tal estado de degradação.

Segundo a chefe da coordenadoria do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná, Rosina Coeli Alice Parchen, existem no Paraná quinze igrejas tombadas pelo governo estadual e quatro pelo governo federal. Quase todas, por serem bastante antigas, precisam de reparos constantes para poderem continuar em funcionamento e recebendo público.

Rosina explica que, quando uma igreja é tombada, é sinal de que necessita de trabalhos de conservação mais aprimorados, feitos por profissionais especializados e com a utilização de materiais específicos, geralmente mais caros que os convencionais. “Porém, ao contrário do que muita gente pensa, a conservação das edificações tombadas não é responsabilidade dos governos estadual e federal, mas dos próprios proprietários dos imóveis”.

Na opinião de Rosina, muitas edificações, entre elas as igrejas, são interditadas porque seus proprietários se isentam de responsabilidades por serviços de manutenção básica, como por exemplo troca de telhas e conservação de pinturas simples. “Eles acham que, porque a edificação é tombada, podem cruzar os braços e colocar toda a responsabilidade pelas manutenções e conservações sobre o governo, o que não é verdade”, explica. “As igrejas, por exemplo, são de uso público, mas não são públicas.”

O Patrimônio Histórico costuma fazer algumas intervenções sobre as edificações tombadas. E, assim como os proprietários, muitas vezes entra com pedido de recursos para conservação dos imóveis, que só são liberados após avaliação prévia. “É muito fácil deixar de tomar alguns cuidados básicos e dizer que a falta de manutenção acontece porque não há repasse de recursos”, diz. “Os próprios proprietários podem tentar patrocínio para as obras junto a empresas privadas e mesmo à população”.

Para realizar alguns restauros de igreja, o Patrimônio Histórico do Paraná conta com o apoio da Mitra Diocesana. Nos últimos quatro anos, duas capelas passaram por obras devido à parceria: uma do século XVIII, no município de Balsa Nova, e outra do século XIX, em Palmeira.

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