Idosos são vacinados contra gripes A e sazonal

Uma grande fila se formou ontem pela manhã na Boca Maldita, no centro de Curitiba, para a vacinação contra a gripe A (H1N1) e a gripe sazonal. Aproximadamente 14,5 mil idosos com mais de 60 anos foram imunizados na capital, na primeira manhã de vacinação contra a gripe A, destinada apenas para idosos crônicos, e da campanha nacional de vacinação contra a gripe sazonal.

Os números de ontem representam 7,5% da meta de cobertura da vacina da gripe comum e 4,2% da nova gripe. A vacinação para esta faixa etária se estende até 7 de maio na Região Sul, até quando se pretende imunizar 80% da população idosa.

A capital também terminou ontem a vacinação contra a gripe A para gestantes, crianças de seis meses a dois anos e jovens de 20 a 29 anos, justamente no dia em que o surgimento da doença no mundo completou um ano.

Mesmo com o fim da vacinação contra a gripe A para gestantes, mulheres que tiverem resultado positivo de gravidez podem se vacinar até 21 de maio. “Se conseguirmos atingir todas as metas, os grupos prioritários atingem 50% da população do Estado vacinada”, informa o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), José Lúcio dos Santos.

Em todo o País, até o momento 58,5% das pessoas dos grupos prioritários das três primeiras etapas se vacinaram. Os profissionais de saúde e as crianças já superaram a meta de vacinação, alcançando 100% para os profissionais de saúde e mais de 90% para as crianças, segundo informações do Ministério da Saúde.

Além da vacinação para os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde, a compra de medicamentos, equipamentos respiratórios e reserva da rede assistencial à saúde são investimentos sempre citados em todo pronunciamento do governo federal sobre a gripe A.

No entanto, autoridades médicas acreditam que o foco desse esforço poderia ser outro. “Hoje contamos com a vacina, uma arma efetiva para evitar não só a epidemia, mas que qualquer pessoa adoeça e morra de gripe. Se vacinar todo mundo, não vai precisar montar UTI e ter despesas enormes em rede assistencial, que foram feitas ano passado e provavelmente se repita. Nada disso seria necessário em função da gripe caso vacinasse todo mundo”, defende o presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, Alceu Fontana Pacheco.

O ex-governador Paulo Pimentel enfrentou a fila e o frio da manhã de ontem para se imunizar contra a gripe A.

Segundo Pacheco, todos os que pertencem às faixas definidas pelo ministério devem se vacinar. O médico diz que como a Região Sul foi a que no ano passado mais sofreu com a epidemia, esperava-se que nessa segunda onda da doença os estados do Sul fossem contemplados com o recebimento de maior quantidade de vacinas. Como isso não aconteceu, pede-se agora na Justiça que todas as pessoas sejam vacinadas.

Ministério da Saúde recorrerá de decisão judicial sobre vacina

O Ministério da Saúde ainda vai recorrer da decisão judicial que obriga que sejam disponibilizadas vacinas contra a gripe A (H1N1) para todos os paranaenses. O órgão tem até o próximo dia 3 de maio para fazer isso.

Atendendo à mesma decisão, da 2.ª Vara Federal de Curitiba, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) protocolou na última sexta-feira uma petição com o cronograma de vacinação para todo mundo, caso a decisão seja mantida.

“Para que vacinemos toda a população, dependemos de vacinas e insumos a serem disponibilizados pelo Ministério da Saúde. No momento não se tem mais vacina disponível a pronta entrega”, ex,plica o superintendente de Vigilância em Saúde da Sesa, José Lúcio dos Santos.

Após 3 de maio, se a decisão judicial não for derrubada, a pessoa que procurar o serviço de saúde e não conseguir se vacinar deve entrar em contato com o Ministério Público Federal (MPF), autor da ação civil pública.

A Justiça considerou que o Sul do País é mais suscetível à incidência do vírus, em consequência de suas condições climáticas, e apontou relatórios sobre a incidência da doença disponibilizados pela Sesa, que indicam uma maior incidência da doença no Paraná, em relação aos outros estados brasileiros. Neste ano, já houve nove mortes em decorrência da gripe A no Estado. (LC)

Automedicação é condenada por especialista

O superintendente de Vigilância em Saúde, José Lúcio dos Santos, recomenda que, em caso de sintomas de gripe, a pessoa procure a assistência básica à saúde e não recorra à automedicação. A doença que recebeu a maior atenção em 2009 deve continuar sendo o centro das atenções no próximo inverno.

Em abril de 2009, os primeiros casos da gripe A apareceram no México. Rapidamente, a doença se espalhou e causou mortes em diferentes partes do mundo, principalmente entre a população mais jovem, de 20 a 39 anos.

Apenas dois meses depois do aparecimento da doença, a Organização Mundial da Saúde anunciava a gripe A como a primeira pandemia do século XXI o que hoje é discutido se esse anúncio não ocorreu de forma precipitada.

De um lado a outro do planeta, máscaras e o uso do álcool gel foram amplamente utilizados. No Paraná, essa situação foi evidenciada pela ocorrência da maior quantidade de casos graves e mortes, proporcionalmente, do Brasil. A Sesa se apressou a tomar as medidas necessárias (ou pelo menos o que se podia fazer tendo como base tudo o que se sabia sobre a doença até então).

O Paraná foi o único estado brasileiro que mapeou a gripe praticamente caso a caso, inclusive os mais leves, desde o início, até a mudança de protocolo adotada pelo Ministério da Saúde. (LC)

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