Idosos buscam respeito e dignidade

Os avanços da ciência na área da saúde estão permitindo que as pessoas vivam cada vez mais. O número de idosos em todo mundo, inclusive no Brasil, vem crescendo a cada ano. Isto obriga os administradores e governantes a terem uma preocupação cada vez maior em satisfazer as necessidades das pessoas que se encontram na chamada terceira idade.

Segundo dados mais recentes da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social (Setp) do Paraná, em 1950 a população paranaense era composta por 71.915 pessoas com mais de sessenta anos, sendo 40.237 homens e 31.678 mulheres. Em 2002 eram 884.937, sendo 393.727 homens e 491.210 mulheres. "A população idosa aumentou muito e tende a aumentar cada vez mais", comenta a presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Idoso, órgão criado em outubro de 1997 e vinculado à Setp, Aldaci do Carmo Capaverde.

Porém, viver mais não é sinônimo de viver melhor. Segundo Aldaci, existem diversas leis (no Estatuto do Idoso, que começou a valer no ano passado) que regulamentam a situação do idoso no Brasil. Porém, a maior parte delas não é colocada em prática, fazendo com que homens e mulheres na terceira idade ainda se sintam desamparados e sejam vítimas de preconceitos e uma série de desrespeitos.

Embora o Estatuto garanta, por exemplo, que o idoso deve ter atendimento prioritário, ainda é grande o número de pessoas que se revoltam quando os idosos são passados para a frente em filas de banco e ônibus. Nos ônibus, outro problema bastante comum é verificado: existem avisos de que determinados assentos são preferenciais às pessoas com mais de sessenta anos, mas os mais jovens os ocupam e se recusam a cedê-los quando uma pessoa idosa entra no veículo. Para não dar o lugar, moças e rapazes muitas vezes fingem que estão estudando ou dormindo.

"Atualmente, no Brasil, os idosos não são mais respeitados por serem os patriarcas da família. Muitas vezes, eles são descartados por seus próprios filhos e netos, pois ninguém acaba querendo se responsabilizar por eles", afirma Aldaci. "Os mais jovens precisam se conscientizar que os idosos são pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da sociedade e, por isso, merecem dignidade. Para que os direitos da terceira idade sejam garantidos, deve haver um amplo trabalho de divulgação e conscientização da sociedade. Porém, os próprios idosos também devem aprender a reivindicar seus direitos e exigir que eles sejam cumpridos."

Dificuldades são transpostas

Em meio às dificuldades, os idosos vêm lutando pela dignidade e qualidade de vida. Grande parte deles, principalmente os que possuem condições financeiras um pouco melhores, não se contentam em ficar em casa na frente da televisão ou apenas cuidando dos netos enquanto os filhos trabalham. Eles lutam para permanecer ativos e participativos na sociedade, batendo preconceitos e desrespeitos.

O aposentado Afonso Bornhold, de 75 anos, reclama da aposentadoria que lhe garante uma renda mensal de um salário mínimo e o obriga a continuar trabalhando como profissional autônomo na área de vendas. Diz sentir-se indignado com jovens que não lhe cedem lugar no ônibus, mas não desiste de correr atrás da dignidade e da felicidade. "Neste País tem uma porção de coisas esquisitas que acontecem com os idosos. O desrespeito é grande, mas a gente não pode parar de lutar", declara. "Tento me manter sempre em atividade. Às vezes dá preguiça, mas sempre me esforço para fazer exercícios físicos, como caminhar e andar de bicicleta."

E os exercícios físicos -bastante indicados para pessoas de todas as idades – parecem ser um dos principais caminhos que os idosos encontram para manter a qualidade de vida. A dona-de-casa Deolina Mabili, de 68 anos, dedicou a vida aos cuidados com os filhos e com a casa. Recentemente, ela descobriu os benefícios dos exercícios e não quer mais parar.

"Faço alongamento (no Sesc Água Verde, em Curitiba, que desenvolve uma série de atividades especialmente voltadas aos idosos) e freqüento bailes da terceira idade, onde gosto muito de dançar", conta. "Quando eu era mais nova, eu não fazia todas essas coisas. Hoje, não paro em casa e, por isso, fujo da depressão". (CV)

Universidade do aposentado será criada em 2005

Em 2005, deve ser criada, no estado de São Paulo, a primeira Universidade Nacional dos Aposentados e Idosos (Unai-Brasil) do País. A instituição que deve ser inaugurada no próximo dia 24 de janeiro (Dia do Idoso).

No local, os idosos devem estar dentro das salas de aula como estudantes e também como professores. Cinqüenta por cento do corpo docente da instituição deve ser composto por representantes da terceira idade e aposentados.

A universidade – que terá todo seu material didático e espaço físico adaptado às necessidades da terceira idade – está sendo criada em parceria com o Sindicato Nacional dos Aposentados e com a Fundação para o Desenvolvimento da Tecnologia, Educação e Comunicação. (CV)

Atitudes contribuem para melhor qualidade de vida

Uma série de atitudes tomada pelos próprios idosos podem contribuir com a melhoria da qualidade de vida na terceira idade. Obesidade, depressão e doenças degenerativas (como hipertensão, insuficiência cardíaca, artrose, osteoporose, diabetes, acidente vascular cerebral, mal de Parkison e Alzheimer), consideradas mais comuns na terceira idade, podem ser prevenidas e ter seus sintomas amenizados.

O médico geriatra e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Gilmar Calixto, dá algumas dicas para que os idosos possam viver melhor. A primeira delas é manter uma alimentação equilibrada, bebendo bastante água e evitando bebidas alcoólicas. "Os idosos devem fazer pratos coloridos, evitando gorduras saturadas e valorizando alimentos ricos em fibras. Sal e açúcar devem ser consumidos em pequenas quantidades e os horários das refeições devem ser respeitados", explica.

Outra atitude positiva é eliminar o cigarro e dar fim ao sedentarismo. A prática de atividades físicas é capaz de fortalecer o corpo, manter a mente saudável e combater a obesidade. Na terceira idade, são indicadas caminhadas, danças, yoga, bicicleta, hidrogisnástica, alongamento, natação e até mesmo musculação, que dá flexibilidade e tônus muscular. Porém, tudo deve ser realizado com orientação médica e de forma adequada, sob a supervisão de um profissional de educação física. Periodicamente, também são indicados exames preventivos. (CV)

Aposentadoria acaba virando tremendo pesadelo

Muita gente sonha com a aposentadoria, mas quando ela chega descobre que não é tão boa assim. Dos 22 milhões de brasileiros aposentados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), 13 milhões ganham apenas um salário mínimo. Como nessa fase da vida boa parte do dinheiro é gasta em remédios, a solução é voltar para o mercado e trabalho.

Rodolfo Rothstein, 68 anos, já fez de tudo nesta vida, foi porteiro, inspetor de alunos, vendedor de tapetes… Quando a aposentadoria chegou, descobriu que não poderia parar de trabalhar. A renda de R$ 390 não daria para sustentar ele e a mulher.

Rodolfo decidiu que continuaria com o ofício de vendedor de tapetes que já desempenha há 35 anos. Mesmo sem a força de antigamente, carrega todos os dias cerca de 15 quilos nas costas pelas ruas de Curitiba. "Moro na Barreirinha. Não dá para ficar voltando para casa. Levo tudo de uma vez", fala.

Cada jogo de tapetes custa R$ 18. Conta que a experiência ajuda e nunca fica sem vender nada. Com a atividade consegue dobrar a renda. Mas Rodolfo, ainda achou pouco e recentemente começou a trabalhar pela manhã no escritório da filha. "Faço de tudo, atendo telefone, pago contas, passo fax", explica.

Energia para tudo isto Rodolfo têm de sobra. No dia em que chove e não pode sair para vender seus tapetes fica chateado. O médico dele disse também que as caminhadas têm ajudado a manter a saúde em dia. "Tenho um problema no coração e já teria enfartado se não fosse a atividade física", fala. No entanto, conta que a esposa reclama que ele não pára. "Mas vou ficar em casa mofando?", questiona. (Elizangela Wroniski)

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