Corpos carbonizados ou putrefatos que não apresentem mais impressões digitais podem ser identificados pela arcada dentária em 89% dos casos. Essa foi a conclusão de uma trabalho desenvolvido pela professora de Odontologia Legal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e chefe do departamento de odontologia do Instituto Médico Legal (IML), Beatriz Helena Sottile, e pela estudante Débora Kuss. Em dois anos, as duas analisaram 290 laudos de corpos já desprovidos de digitais e o resultado demonstrou que, em 89% dos casos, existem eventos odontológicos, como próteses e obturações, que permitem a identificação. “Uma arcada nunca é igual a outra”, garante Sotille. O grande problema, segundo ela, é a dificuldade de encontrar prontuários para comparação. “Em 72% dos laudos não havia prontuário odontológico, ou ele não estava preenchido corretamente, ou ainda a família não localizou o cirurgião-dentista.”
Os casos de corpos carbonizados são os que têm os índices mais altos de identificação. Até porque, na maioria das vezes, existem outras referências para comparação, como um documento que resistiu ou a identificação do carro quando houve acidente de trânsito. De acordo com a pesquisa, 45% dos corpos carbonizados foram identificados.
Alerta
Para facilitar o trabalho no Médico Legal, Sotille pede aos dentistas maior cuidado com prontuários. “É um trabalho social porque muitas vezes é o único meio que temos para descobrir a identidade da vítima”.
