De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 2,1 milhões de crianças e jovens, com idade entre 5 e 17 anos, trabalham em atividades agrícolas no Brasil.
A maior concentração ocorre na agricultura familiar. No Paraná, ainda não existe uma estimativa da realidade do trabalho infantil no campo, mas o levantamento começou a ser feito pelos movimentos sindicais dos trabalhadores rurais.
Representantes dessas entidades se reuniram ontem, em Curitiba, durante o seminário sobre proteção infanto-juvenil promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep).
De acordo com a coordenadora da Comissão Estadual das Mulheres Trabalhadoras Rurais da Fetaep, Mercedes Panassol Demore, as entidades estão iniciando o levantamento no Estado para, em seguida, iniciar um trabalho de combate a essa prática.
Ela acrescenta que, no campo, as crianças ficam expostas aos agrotóxicos, sol forte ou chuva, longos períodos em postura inadequada, risco de ferimentos por ferramentas ou animais peçonhentos. Além disso, a maioria deixa a escola e não tem horário para o lazer.
Apesar de não existir uma estatística sobre o trabalho infantil no campo no Paraná, alguns setores e regiões são considerados críticos. Entre eles, os cultivos da mandioca e laranja na região de Paranavaí; da madeira, em Prudentópolis; e do fumo, na região de Irati, um dos mais agressivos para a mão-de-obra infantil.
Segundo Mercedes, existe uma cultura forte no Paraná do trabalho de crianças na lavoura. “A criança pode ajudar os pais, mas precisa ter como prioridade a escola e o horário de lazer”, finaliza.