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Já está liberado o transbordo de produtos no cais de inflamáveis da Petrobras, que estava interditado desde o dia do acidente com o navio chileno Vicuña. O píer fica ao lado do terminal da empresa Cattalini, onde houve a explosão. A decisão foi tomada ontem pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Ambiental do Paraná (IAP), depois que o cais foi liberado pela Capitania dos Portos. No entanto, as empresas envolvidas vão ter que apresentar ainda laudos técnicos que comprovem a segurança, além de assinar um termo de ajuste de conduta.
O pedido de desinterdição foi feito pela empresa Transpetro, subsidiária da Petrobras. Após a análise de laudos sobre as condições ambientais, estrutura do cais, exequibilidade de manobras, a Capitania concluiu que o terminal oferece a segurança necessária para o transbordo de cargas. Mas a desinterdição restringe-se apenas aos aspectos da segurança da navegação. Em nota, a Capitania informa ainda que a atividade será constantemente monitorada e avaliada.
Dois navios estavam atracados esperando a decisão desde a madrugada da última sexta-feira, o Atlântica I – programado para descarregar ácido sulfúrico – e Bow Eagle – que carregará óleo vegetal, para fazer o transbordo das cargas. Outras três embarcações aguardam a liberação para atracar. Estima-se que haja uma perda de R$ 30 mil diários com cada embarcação parada.
Num primeiro momento, Ibama e IAP foram contra a liberação. Mas ontem, durante a reunião que durou mais de três horas, eles suspenderam o termo de embargo emitido ontem à Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA). A empresa Alpina, que faz o trabalho de retirada do óleo do navio chileno, apresentou um laudo técnico que dá condições à normalização das atividades no píer da Petrobras, sem que interfira em seus trabalhos.
Segundo o chefe do IAP no litoral, Sebastião Carvalho, foram estabelecidas várias condições para que as empresas voltem a operar. Entre elas, que os navios e os rebocadores terão que se deslocar no local em velocidade baixa, para evitar marolas. Elas fazem com que as manchas de óleo passem pelas barreiras de contenção, que ficam em volta do navio sinistrado. Além disso, a entrada e saída dos navios deve ser feita durante o dia e sempre com aviso prévio a Alpina. Ainda assim, os responsáveis pelo terminal terão de apresentar laudos que comprovem que o píer não foi prejudicado pela explosão do Vicuña e está seguro para as atividades.
Participaram da reunião representantes do Ibama, IAP, União Vopak Armazéns Gerais Ltda., Alpina Briggs Defesa Ambiental S/A, Cattalini Terminais Marítimos Ltda., Paranaguá Pilots Ltda., APPA e Petrobras.
91 animais já foram resgatados
Já foram resgatados pelo Ibama 91 animais contaminados com óleo – apenas 12 vivos. No entanto, ontem, dois deles, que estavam sendo tratados no Hospital da Fauna em Paranaguá, morreram. Um biguá e um socó. Também foi encontrado no final da tarde de sexta-feira um boto morto – já são quatro desde o acidente com o navio chileno Vicunã.
Segundo a equipe responsável pelo hospital, o biguá estava com muito óleo e, desde o dia que chegou à unidade, com a saúde muito debilitada. Já o socó, apesar de estar sem óleo, morreu de estresse. "Ele era muito jovem. Foi resgatado por um morador e estava muito estressado", comenta o veterinário do Ibama, Rafael Xavier.
O boto foi localizado a 300 metros do radiofarol, localizado na Ilha do Mel. O animal vai ser submetido à necropsia para identificar a causa da morte. O filhote de jacaré-do-papo-amarelo resgatado vivo na sexta-feira deve ser devolvido à natureza ainda neste fim de semana. Entre os animais mortos encontrados ontem estava uma tartaruga. (EW)
Trabalho recolhe 1,1 milhão de litros de óleo
Cerca de 1,1 milhão de litros de óleo foram retirados do navio chileno Vicuña e do meio ambiente desde o início dos trabalhos de contenção e limpeza no local da explosão e por onde o produto de espalhou. A informação é da Defesa Civil. Segundo comunicado que o órgão divulgou no dia seguinte ao acidente, havia dentro da embarcação 1 milhão e 150 mil litros de óleo combustível tipo bunker e 150 mil litros de óleo diesel.
A substância ainda surge constantemente no ponto zero, lugar onde está o navio acidentado. As equipes de apoio continuam realizando a contenção e a limpeza de todas as barreiras colocadas em torno do navio. O chefe do escritório do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Paranaguá, Sebastião Carvalho, explica que o óleo aparece na água quando a maré está baixa. Quando sobe, faz com que o material ultrapasse as barreiras de contenção instaladas.
Caranguejo
Na próxima semana, está prevista a liberação do defeso do caranguejo – período em que a captura está proibida em virtude da reprodução da espécie. A atividade complementa os rendimentos dos pescadores da região. Mas existe uma forte tendência para que uma nova portaria seja editada estendendo a suspensão da captura, segundo Carvalho. Estudos sobre os manguezais atingidos ainda estão sendo formulados para o embasamento da posição.
Cestas básicas
A Defesa Civil iniciou ontem a entrega de 2.975 cestas básicas para as pessoas atingidas pela contaminação da água e pela proibição da pesca nas baías da Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba. Somente os cadastrados pelo órgão vão receber a ajuda. Estima-se que o trabalho termine na próxima sexta-feira. (Joyce Carvalho)