A captura do caranguejo no litoral do Paraná permanecerá proibida por tempo indeterminado. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) irá estender o defeso, que terminaria hoje. A medida é para prevenir a contaminação através do consumo do caranguejo, que foi afetado com óleo do navio chileno Vicuña, que explodiu há dezesseis dias em Paranaguá.
A Sema irá reformular a Portaria 025/04, expedida em conjunto pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 16 de novembro, que proibiu qualquer atividade de pesca, coleta e consumo de organismos aquáticos nas baías de Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba. De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, a medida não tem data para ser suspensa. "Ela irá valer até que tenhamos condições de segurança para o consumo", falou. Apesar de nem todos os mangues terem sido comprometidos – como em Guaratuba, por exemplo -, não é possível deixar de fora da proibição algumas regiões, pois os caranguejos se movimentam.
Insuficiente
O secretário sobrevoou ontem as baías e o litoral e constatou que o vazamento no navio ainda continua, apesar de ser em uma quantidade muito menor que a registrada na semana passada. "Aparentemente a situação está controlada", falou, acrescentando que 800 homens estão trabalhando na contenção do óleo. Ontem pela manhã, 43 embarcações atuavam no chamado ponto zero – local onde está a embarcação – com barreiras de contenção e absorção, mas segundo Cheida, em alguns momentos esse contingente parecia ser insuficiente.
O chefe do IAP no litoral, Sebastião Carvalho, acrescenta que as dificuldades apontada pelas empresas que trabalham no ponto zero são as correntes marítimas, que em alguns momentos são intensas no local, o que dificulta a contenção. Carvalho fala que apesar dessa constatação, os trabalhos "ainda não estão sendo suficientes, porque ontem (anteontem) o óleo atingia novamente a Ilha das Cobras. Era um óleo mais fino, em menor quantidade, mas era óleo".
Apenas ontem, segundo Carvalho, 15 dias após o acidente, é que foram recolhidos da Ilha do Mel tambores plásticos que estavam no navio e foram projetados com a explosão. Parte desse material, que apresentada resíduos de óleo, já estava enterrado na areia.
No domingo, o IAP fez a segunda coleta de água em 42 pontos de praias do Estado para análises de balneabilidade. Desses 42 pontos, 10 deles também passarão por análise físico-químico, assim como outros 16 pontos nas baías, para verificar a contaminação pelo óleo.
Corpo será declarado como de chileno
Partes de um corpo humano foram localizados ontem próximo a Ilha de Piassaguera, no litoral do Estado. O material estava dentro de um saco plástico, e por isso, foi descartada a possibilidade de ser da quarta vítima da explosão do navio Vicuña. Mas mesmo assim, passará por exames no Instituto Médico-Legal (IML) de Paranaguá.
E por dificuldades de identificação sobre o terceiro corpo – que está no IML há cerca de duas semanas -, o relações públicas da Defesa Civil, tenente Gilson de Mattos, confirmou que ele será declarado como sendo do chileno Ronaldo Francisco Peña Rios. "Como a comparação da arcada dentária descartou ser do argentino (Alfredo Omar Vidal) e como não haveria tempo hábil para esperar a chegada de material do Chile para o exame de DNA, por exclusão, o corpo será declarado como sendo do chileno", falou Mattos.
Píer
O tenente informou que, além dos dois navios que tiveram liberação para atracar no píer da Petrobras, outros três aguardavam ontem para descarregar. Mattos destacou que antes de iniciar as atividades, as embarcações precisarão cumprir algumas exigências. (RO)