A missa de ontem pode ter sido a última no morro. |
A a qüinquagésima terceira missa celebrada ontem no topo do morro Anhangava, no Parque Estadual da Baitaca, em Quatro Barras, pode ter sido a última celebração religiosa realizada no lugar. Integrantes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) estudam a possibilidade de proibir o evento, que acontece todo dia primeiro de maio, a partir do próximo ano. O objetivo é preservar a vegetação nativa do morro, localizado em área de proteção ambiental.
Segundo o funcionário do instituto, Juliano José da Silva, que ontem atuava na fiscalização no Anhangava durante a missa, foram constatados vários pontos de desmatamento no alto do morro. Ele afirma que a maioria das pessoas que sobe no dia primeiro de maio o faz em busca de aventura, e que apenas 20% do total realizam o percurso para assistir à celebração religiosa. Outras preocupações seriam os galhos de árvores quebrados e o lixo deixado por parte dos visitantes. A idéia é de que as visitas ao topo passem a ser melhor controladas e seja estabelecido um número máximo de pessoas por dia.
Freqüentadores contra
Os freqüentadores do morro, que quase todo ano enfrentam o desafio de chegar ao topo no Dia do Trabalho, não gostaram da possibilidade de a missa ser proibida. Apesar das cerca de duas horas de caminhada morro acima, dos mosquitos, da lama e das pedras escorregadias, eles não querem abrir mão da tradição. “É uma peregrinação bastante antiga e que atrai turistas para Quatro Barras. Vou ficar muito triste se a missa deixar de ser realizada”, disse a estudante Adriana Mocelim, que pertence a um grupo de jovens da Igreja Matriz de Quatro Barras e que foi ontem até o topo do Anhangava agradecer por graças alcançadas no ano passado.
A coordenadora hospitalar Rosicléia Prosdócimo subiu o morro pela primeira vez. “Sou a favor da preservação da natureza, mas contra a proibição da missa. No topo do Anhangava, temos a sensação de que realmente estamos no céu.”
O padre Getúlio Pereira da Silva, da paróquia de São Sebastião e que ontem celebrou a missa, acredita que os técnicos do IAP podem encontrar uma forma de preservar a natureza sem proibir a missa. “Pode-se, por exemplo, realizar um trabalho para conscientizar os visitantes”, declarou.
Ontem, cerca de 1,5 mil pessoas subiram o morro, que tem 1.420 metros de altura e é o terceiro ponto mais alto do Estado, perdendo apenas para os picos Marumby e Paraná.