Numa ação inédita, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) – com apoio da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar) e Universidade Federal do Paraná (UFPR) – desenvolve novos mecanismos para auxiliar a avaliação da qualidade das águas nas praias paranaenses.
“Entre as novas ferramentas estão a avaliações da direção e intensidade dos ventos e das correntes marítimas, além de considerar a variação das marés”, informou a bióloga Franciane Pellizzari, que coordena as análises da balneabilidade, pela parceria formada entre o IAP e a Fafipar.
Os ventos são medidos em anemômetros (equipamentos dotados de hélices que registram intensidade e direção) instalados em quatro pontos do Litoral paranaense: na estação recém-inaugurada na Floresta Estadual do Palmito (Paranaguá), no Centro de Estudos do Mar (Pontal do Paraná) e nas Estações de Tratamento de Esgoto da Sanepar em Guaratuba e Matinhos.
Um dos colaboradores deste estudo é o oceanógrafo e pesquisador Rangel Angelotti, que explicou que a intensidade dos ventos pode alterar os níveis das marés – estas, por sua vez, afetam diretamente os resultados da balneabilidade.
“Os ventos também ajudam na mudança das marés e, no Paraná, que possui uma costa mais estreita que os outros estados, isto pode afetar os resultados da balneabilidade, pois as marés quando altas podem diluir a poluição das águas mais rapidamente”, detalhou.
CORRENTES – O monitoramento das correntes marítimas está sendo feito pelos universitários que atuam nas barracas de balneabilidade instaladas na orla. A cada duas horas, eles lançam ao mar uma garrafa PET com dois terços de água para identificar a direção da corrente. Os resultados são encaminhados ao laboratório da Floresta Estadual do Palmito diariamente.
O estudo sobre o funcionamento das correntes já identificou que no Litoral paranaense é comum a formação de correntezas de retorno (rip currents), que são espécies de redemoinhos que propiciam o acúmulo de poluentes e também oferece risco aos banhistas. “Neles, a tendência é uma maior concentração de coliformes fecais em um determinado ponto, interferindo na medição”, ponderou Rangel. “E, quando existem marés altas a tendência é diluir os coliformes fecais, diminuindo os índices de contaminação”, completou.
Já os dados sobre a variação das marés são obtidos junto à Marinha Brasileira, cuja Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) publica mensalmente a Tábua das Marés.