HU de Cascavel atende pacientes no corredor

Desde o início de janeiro, pacientes estão sendo atendidos em leitos improvisados no corredor do Pronto-Socorro do Hospital Universitário em Cascavel (HU) devido à falta de vagas. Único hospital público da região, a demanda de atendimentos estaria acima da capacidade, segundo a diretoria da instituição, que chegou até mesmo a pedir a serviços emergenciais, como o Siate, que levem pacientes para outros prontos-socorros. Porém o diretor geral da entidade, Alberto Pompeu, garantiu que nenhum paciente que chega ao HU deixa de ser atendido. 

"Não deixamos de dar o atendimento necessário a ninguém que chega no HU. Infelizmente, devido às dificuldades de arranjar leitos livres, os médicos estão atendendo alguns casos no corredor", afirma Pompeu. Segundo o diretor, a situação vem se agravando desde o fim do ano passado, por causa da grande quantidade de atendimentos. "Não podemos fazer mais nada. Atingimos a capacidade de internamento, que chegou ao limite", explica. O HU tem 180 vagas, das quais 168 destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o diretor, o hospital já recorreu à 10.ª Regional de Saúde e à Secretaria de Saúde do município para que as Unidades de Saúde Básicas locais tenham mais autonomia e melhorem a triagem de pacientes enviados ao HU. O secretário de Saúde de Cascavel, Fernando Dias Lima, diz que o sistema de saúde da cidade está passando por uma reformulação que privilegia a prevenção, mas que os resultados só serão sentidos a médio ou longo prazo. "O problema é que a administração anterior desestruturou as unidades de saúde, fechando 12 postos do Programa de Saúde da Família (PSF) e extinguindo os programas de médico do bairro e médico do campo. Isso sobrecarregou o sistema e o gargalo foi explodir no HU", pondera o secretário.

Para Lima, existem outros agravantes para o problema. "Um hospital com o porte do HU precisa ter mais plantonistas e ter uma rotatividade de leitos mais dinâmica", diz. Segundo o secretário, a própria estrutura do SUS prejudica a ocupação dos leitos, pois obrigaria pacientes a ficar internados quando não há mais necessidade. "A regulamentação do SUS não acompanhou o avanço no tratamento. Com isso, obriga gente a ficar internado por três dias quando é necessário apenas um em alguns casos, caso contrário não paga ao hospital", aponta.

A reportagem de O Estado entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde para saber que tipo de providências a Regional de Saúde responsável pelo hospital está tomando para sanar o problema. Mas até o fechamento dessa edição não recebeu resposta.

Maringá estuda terceirização do hospital municipal

Nájia Furlan

A Prefeitura de Maringá analisa a possível terceirização do Hospital Municipal Doutora Thelma Villanova Kasprovick, o único municipal da cidade. Mesmo que ainda seja uma intenção, a notícia assusta os servidores da Saúde. Ontem, no final da tarde, eles convocaram toda a comunidade para protestar, em frente ao terminal de ônibus, na Avenida Tamandaré. O medo é que essa seja a "porta de entrada para uma privatização".

"Foi somente nessa atual administração que essa intenção foi demonstrada. Mas nós não queremos, porque trata-se de um bem construído com dinheiro público e que agora vai ser assumido por terceiros. O gestor foi eleito para administrar os órgãos públicos e não para passar para frente", reclama o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Maringá, Elizeu Mortean.

Segundo ele, atualmente o hospital opera com 250 funcionários – todos concursados. Para esse quadro, a terceirização também parece ser uma ameaça. "A gente não sabe o que vai acontecer", afirma Mortean. De acordo com a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Maringá (Sismmar), Ana Paga Munici, o temor é grande. "Sem falar nas demissões e no quadro de funcionários, que ficará abalado. A terceirização não é garantia de qualidade. Ainda há possibilidade de que as pessoas tenham que pagar pelo atendimento", preocupa-se.

"A gente viu experiências que não deram certo, como as de São Paulo. Nós entendemos tal atitude como a porta de entrada para a privatização, por isso estamos alertando a população. Uma empresa que visa lucro, vê a saúde como mercadoria e isso rompe um pouco com os princípios do SUS. Até a fiscalização desses serviços fica comprometida", alerta a presidente do Sismmar.

Intenção

O atual secretário de Saúde de Maringá, Antônio Carlos Nardi, explica que o município gasta, em média, R$ 850 mil com o hospital municipal. "Hoje o hospital municipal tem uma resolubilidade muito aquém da qual esperávamos que teria. Nós estamos vendo alguns exemplos de instituições públicas sendo gerenciadas em parceria com a iniciativa privada que dão certo, como em São Paulo. Temos, portanto, essa sugestão", admite Nardi.

Segundo ele, na próxima semana representantes da Prefeitura, vereadores e alguns membros do Conselho Municipal de Saúde farão visitas a hospitais terceirizados para poder avaliar a adoção de tal "parceria". "Mas temos que deixar claro que todo e qualquer procedimento prestado no hospital continuará a ser gratuito e os funcionários permanecerem. Esta medida seria apenas uma melhoria na resolubilidade do hospital municipal. Ainda é um estudo", ressalta o secretário.

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