Participaram médicos e enfermeiras até o pessoal da limpeza. |
Uma palestra sobre a síndrome respiratória aguda grave (sars), popularmente chamada de pneumonia asiática, reuniu ontem 150 funcionários do Hospital Nossa Senhora das Graças, na capital, entre enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, administradores, pessoal de limpeza e que lida com o manuseio de resíduos hospitalares. Os trabalhadores do hospital receberam orientações sobre como lidar com pacientes suspeitos de serem portadores do coronavírus, causador da sars.
“A palestra foi preventiva”, explica a chefe do departamento de doenças imunopreviníveis da Secretaria de Estado da Saúde, Mirian Woski. “No Paraná, não apareceram casos suspeitos, porém não se pode descartar a possibilidade de a doença chegar até aqui.”
A maior preocupação é que a Sars possa chegar até ao Paraná por Foz do Iguaçu, que faz fronteira com o Paraguai, onde os comerciantes geralmente têm contato com a comunidade chinesa, ou pelo Porto de Paranaguá. Outro risco é a entrada do vírus pelos aeroportos. “Existe a possibilidade de a pessoa chegar bem ao País e, só depois de alguns dias, começar a apresentar os sintomas da doença”, alerta a chefe de serviço do controle de infecção do Nossa Senhora das Graças, Marta de Fátima Fragoso. “A sars só é transmitida enquanto a pessoa apresenta os sintomas da doença, que inicialmente são muito parecidos com os da gripe: dores musculares, cefaléia, febre e tosse.”
Como na segunda quinzena de junho tradicionalmente inicia o período de epidemia de gripe em Curitiba, que dura de seis a oito semanas, os funcionários foram orientados a saber diferenciar problemas respiratórios causados pelo vírus da gripe dos problemas respiratórios causados pelo coronavírus. “A principal diferença é epidemiológica: se a pessoa com problemas respiratórios não viajou para locais onde a epidemia está presente e não teve nenhum contato íntimo com pacientes suspeitos de sars, a hipótese de ela estar com o problema é descartada”, afirma o chefe do serviço de infectologia do Nossa Senhora das Graças, Clóvis Arns da Cunha.
Referência
No Paraná, existem três hospitais de referência para atendimento de pacientes vítimas da síndrome: Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba, Hospital Universitário de Londrina e Hospital Costa Cavalcante, em Foz do Iguaçu. “Porém todos os hospitais devem estar preparados para prestar um atendimento inicial a pacientes suspeitos de terem a doença”, declara a diretora de epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Karin Regina Luhm. “Eles devem saber como lidar com o doente antes que este seja transferido para um hospital de referência.”
No Brasil, no Estado de São Paulo, entre março e abril, dois casos foram apontados como prováveis da sars, porém logo a hipótese de os pacientes serem vítimas da doença foi descartada. Atualmente, também em São Paulo, outros dois casos estão sendo investigados, mas as chances de os pacientes serem portadores do coronavírus são consideradas pequenas.