Hospital prestes a fechar as portas

Moradores de Tijucas do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), podem ficar sem atendimento hospitalar nos próximos dias. O Hospital Nossa Senhora das Dores, única instituição da cidade, está sem estrutura para realizar até mesmo procedimentos básicos e pode fechar suas portas. Os problemas vão desde atraso nos salários dos 40 funcionários, falta de manutenção de equipamentos, de medicamentos, de filme para máquina na realização de raio X, material de limpeza, entre outros problemas.

Os trabalhadores reclamam que nem o repasse que a instituição recebe do Sistema Único de Saúde (SUS) está sendo feito em sua totalidade. Segundo eles, do repasse de R$ 23 mil feito pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para cobrir os atendimentos realizados na entidade, somente R$ 9 mil foram pagos, depois de muitos protestos por parte dos trabalhadores. A Sesa repassa o dinheiro destinado às instituições municipais para as prefeituras, que ficam responsáveis pela distribuição do recurso nas unidades de saúde. No caso de Tijucas do Sul, existe uma parceria entre Prefeitura e hospital, onde a administração municipal teria que repassar à entidade aproximadamente R$ 49 mil mensalmente. Desse total, R$ 23 mil são provenientes do SUS e o restante seria coberto pela Prefeitura. Mas conforme as acusações dos funcionários, nem mesmo o valor que seria repassado pelo SUS chegou à instituição.

Com a situação crítica, a comunidade resolveu colaborar para que o funcionamento do hospital não fosse paralisado. Através de doações de alimentos e dinheiro para a compra de medicamentos, eles estão conseguindo manter momentaneamente o atendimento no hospital.

Mas segundo o médico Santander Blanco, que trabalha há oito meses no hospital, nem mesmo as doações podem evitar que a instituição seja fechada. Ele conta que pacientes com complicações têm que ser levados para unidades de saúde de São José dos Pinhais ou de Curitiba. A média diária de atendimentos girava em torno de 50. Nos últimos meses, no entanto, somente quando há medicamento disponível, os atendimentos são realizados. Na tarde de ontem, apenas dois pacientes estavam internados. "Não tem como prestar um atendimento de qualidade para a população. A situação é crítica e precisa ser tratada com urgência. Nós, médicos, ainda podemos nos deslocar para outras cidades para trabalhar, mas e os funcionários, que também estão sem receber? E a população que fica sem atendimento?", disse.

Sesa contraria atual prefeito

Na tarde de ontem, o prefeito João Maria Claudino recebeu alguns funcionários do hospital. Eles foram cobrar uma explicação para a atual situação. De acordo com Claudino, o hospital está passando por uma intervenção judicial e, por isso, a parceria está provisoriamente cancelada.

Ele também alegou que não pode pagar os salários atrasados porque o orçamento anual destinado à saúde municipal está no limite, podendo estourar caso novos recursos sejam utilizados. Além disso, o prefeito afirmou que o repasse de R$ 23 mil feito pelo SUS foi incluído no orçamento deste ano no município e, por isso, não pode repassar mais do que o valor já pago, que foi de R$ 9 mil.

Sesa

Contrariando a declaração do prefeito de Tijucas, a Sesa informou que todo o dinheiro repassado pelo SUS para as prefeituras são destinados exclusivamente para as entidades que realizam atendimentos e não podem fazer parte do orçamento anual de uma administração municipal. Além disso, a secretaria afirmou que até o momento não recebeu qualquer notificação relatando o problema. (RCJ)

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