A estudante Viviane Matioli, mãe de um garoto de 3 anos, no dia 12 de abril procurou o hospital porque a criança estava com febre e vômito. “Levaram quatro horas e meia para atendê-lo e o mais assustador foi observar outras mães em situações ainda mais desesperadoras e sem ter o que fazer”.
Além da demora, Viviane constatou que, enquanto os pacientes de convênios estavam aguardando quase cinco horas pelo atendimento, o tempo de espera pelos pacientes do SUS era inferior a duas horas.
Segundo a assessoria de imprensa do Hospital Pequeno Príncipe, por questões administrativas, já que os médicos são, em sua maioria, prestadores de serviços, os pacientes de convênios não poderiam ser redirecionados para o atendimento disponibilizado pelo SUS, salvo se tivessem a carteirinha de credenciamento na rede pública de saúde.
Mãe de um garoto de 5 anos com paralisia cerebral, Luziane Aparecida Lopes é paciente do SUS e desde o início da vida do filho frequenta o hospital. Ela elogia o serviço, mas reconhece que a demora faz parte rotina, mesmo quando a consulta é marcada. “A consulta do meu filho estava agendada para 9h, mas só foi atendido 12h30”, informa. Segundo Luziane, a demora aumenta conforme a especialidade. “Neurologista é mais rápido, mas ortopedista leva mais de três horas”, compara.
Marco Andre Lima |
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Cristiane trouxe seu filho de Prudentópolis pra um exame, mas encontrou aparelho necessário quebrado. |
Atendimentos
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a instituição já chegou a registrar em um único dia até 600 atendimentos de pacientes conveniados. No caso de SUS, o limite não ultrapassou 200 pacientes, porque a orientação é para que o paciente venha encaminhado por uma unidade básica de saúde. Só que como as 230 unidades básicas de saúde do município contam com apenas 109 pediatras, muitos pais acabam seguindo para o Pequeno Príncipe, sobrecarregando ainda mais o serviço.
Elogios mesmo com viagem perdida
A qualidade do atendimento é elogiada mesmo por quem vem de longe e não consegue ser devidamente atendido. Há quatro anos, a promotora de vendas Cristiane Terlhuc Charney vem de Prudentópolis para Curitiba toda vez que o filho dela, que possui a doença congênita mielomeningocele (espinha bífica), precisa de um exame ou tratamento, já que vários distúrbios ocorrem por conta da enfermidade.
Nesta semana, ela viajou para que o filho fizesse um exame no sistema urinário, só que a máquina de uretrocistografia estava quebrada.
Marco Andre Lima |
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,José Augusto (à esquerda): filha internada e nada de reclamações. |
“Ele vai fazer uma cirurgia em agosto e precisa verificar se será necessário alargar a uretra e o intestino, sorte que ainda temos tempo para esperar o conserto”, comentou. “Mas não posso reclamar do atendimento, pois desde que meu filho nasceu ele é muito bem tratado pelo hospital”.
O hospital confirma que o aparelho de uretrocistografia está quebrado há 15 dias. O conserto ainda deve demorar mais 15 dias.
Sem queixas
Ao contrário de Cristiane, o mecânico José Augusto Dornelas de Oliveira, de Campo Mourão, está há quinze dias em Curitiba aguardando pela recuperação da sua filha de sete meses. “Apareceu um tumor na cabeça e ela foi operada aqui. É o segundo câncer que ela trata em tão pouco tempo, mas assim mesmo devo a vida da minha filha ao hospital, não posso reclamar”, atestou.