A direção do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, anunciou esta semana o encerramento dos atendimentos médico-hospitalares de seu pronto-atendimento adulto para planos de saúde.
A instituição informou que a medida foi tomada em face da política de remuneração desequilibrada para manutenção do serviço. “Os planos de saúde não responderam com remuneração justa, desequilibrando custo e investimentos”, comunicou o hospital.
A decisão do Nossa Senhora das Graças surpreendeu usuários de convênios acostumados a procurar o serviço de pronto-atendimento da entidade. Porém, o hospital não é o único que deixa de prestar atendimentos a planos de saúde devido à baixa remuneração.
No ano passado, alguns pediatras do Estado também anunciaram que estavam se descredenciando de determinados planos e passando a atender pacientes apenas de forma particular.
Segundo o presidente da Associação Médica do Paraná, José Fernando Macedo, se as operadoras de saúde não reajustarem os valores de seus repasses, o descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais pode começar a acontecer em cadeia.
“As entidades médicas têm tentado negociar os reajustes, mas as operadoras de planos de saúde não têm atendido a nossas reivindicações. As operadoras têm reajustado os valores cobrados dos clientes, mas não têm repassado isso aos médicos”, afirma.
No que diz respeito aos procedimentos médicos, de acordo com Macedo, a maioria das operadoras tem praticado tabelas do ano de 1992, o que resulta em uma defasagem de valores acumulada de 19 anos.
Já em relação às consultas, o valor pago aos profissionais por atendimento tem variado de R$ 20 a R$ 42. “Isso faz com que muitos médicos tenham dificuldades para manter seus consultórios.”
Mesmo que não se descredenciem dos convênios, a defasagem pode fazer com que os médicos comecem a destinar um número cada vez menor de suas consultas aos pacientes dos planos.
Estes, assim, podem ter dificuldades para conseguir atendimento com determinados profissionais ou com os de sua preferência. “Os pediatras geralmente não podem agregar outros procedimentos às consultas”, declara o tesoureiro da Sociedade Paranaense de Pediatria, Gilberto Pascolat.
“Uma pesquisa indica que, em uma consulta de R$ 42, o médico lucra apenas R$ 5, depois de descontados impostos, taxas, aluguel, pagamento de secretária, luz, água e outros gastos.”