Hospital de Olhos atende pacientes de todo o país

Depois de fazer cirurgia para miopia há quase 20 anos, Patricia Martines Garcia, 35 anos, ficou com cicatriz na córnea. O problema foi se agravando até chegar ao ponto de ficar sem enxergar quase nada. O oftalmologista de Patricia indicou o transplante de córnea. Com espera de cerca de um mês, ela fez a cirurgia e voltou a enxergar. “Representou tudo para mim”, comemora.

A cirurgia de Patricia foi feita em setembro do ano passado – época em que as filas de espera para o transplante estavam zeradas. Hoje o Hospital de Olhos do Paraná atende pacientes de todo o País. Em outras regiões o tempo de espera é muito longo. “Temos atendido pacientes de Rondônia, Amazonas, de todo o Brasil, porque nessas lugares existe muita fila de espera”, conta a coordenadora médica do Banco de Olhos, Ana Cláudia Mariushi.

Parceria

Uma das razões para o fim da fila de espera em Curitiba foi a parceria entre a Central Estadual de Transplantes, o Banco de Olhos e o Instituto Médico Legal (IML). Uma equipe do Banco de Olhos fica 24 horas de plantão no IML e, quando um paciente morre, verifica se existem condições para doação e faz contato com as famílias. Desde que foi implantada a parceria, o número de potenciais doadores passou de dois para oito, a cada dez famílias.

O técnico de enfermagem do Banco de Olhos Wellington Luís de Paiva faz esse trabalho. Segundo ele, o primeiro procedimento é verificar há quanto tempo ocorreu o falecimento (para doação, tem que ser até seis horas) e a idade da pessoa (deve ser de 2 a 70 anos). Alguns tipo de morte não permitem que a córnea seja usada para transplante. “Se a pessoa ficou muito tempo debaixo do sol as córneas podem ressecar; queimaduras no rosto podem danificar. Quando a pessoa fica muito tempo no hospital e tem infecção generalizada também não dá””, esclarece.

Procedimento

Após esta verificação, se existe a possibilidade de doação, os técnicos coletam sangue e deixam os olhos lubrificados com soro fisiológico para não haver danos às córneas. “Depois abordamos as famílias, apresento o trabalho e digo que as córneas estão boas e podem ajudar outras pessoas. Então deixo decidirem”, comenta. O técnico explica que não há alteração na aparência do doador. “Retiramos o globo ocular e fazemos a reconstituição, preenchendo o espaço e fechando de novo. Esteticamente não muda nada.”

Mais de 300 atendimentos

No ano passado, mais de 300 pacientes fizeram transplante de córnea no Hospital de Olhos do Paraná. Neste ano, segundo a coordenadora do Banco de Olhos, Ana Cláudia Mariushi, houve diminuição no número de doações. “As pessoas pensam que porque zerou a fila não há mais necessidade de doar. Agora está com pequena fila. Antes se alguém precisava de transplante, na semana seguinte conseguia”.

Para fazer transplante de córnea, o paciente precisa passar por avaliação no Hospital de Olhos e, caso haja necessidade, o médico inscreve o paciente na fila administrada pela Central Estadual de Transplantes. “A fila é única, não importa se o paciente é do SUS, particular ou convênio”, afirma Ana Cláudia.

De acordo com a médica, o transplante pode ser total, retirando toda a córnea e substituindo pela doada; ou parcial, substituindo somente a parte mais externa ou mais superficial. “O corte pode ser feito com lâminas ou laser, que tem maior precisão”, ressalta.

A médica explica que a rejeição pode acontecer para o resto da vida do paciente, mas a maior parte das ocorrências é no primeiro ano após o transplante. “Tomamos bastante cuidado com a rejeição, orientando os pacientes para que em caso de qualquer alteração voltem ao médico. Se a rejeição for tratada até sete dias depois de iniciada, a chance de recupera&c,cedil;ão é de 90%. Se não, é preciso fazer novo transplante”, destaca.

Sucesso em mais de 90% dos casos

O sucesso do transplante de córnea, segundo a coordenadora do Banco de Olhos, depende da causa. “As cirurgias eletivas têm mais de 90% de sucesso”, aponta. Entre as causas que levam ao transplante estão o ceratocone – doença que altera o formato da córnea e leva à baixa visão; cicatrizes, distrofias e manchas na córnea; e casos emergenciais, como infecções que levam à úlceras.

Ana Cláudia orienta visitas anuais ao oftalmologista e o diagnóstico precoce. “Se a pessoa vai assim que percebe algum problema, como olho vermelho, visão embaçada ou algo incomodando; muitas vezes dá para evitar o transplante”, informa a médica.

Reprodução
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