Falta de funcionários e decisão da Justiça do Trabalho obrigaram o Hospital de Clínicas a fechar 94 leitos. A instituição passa a contar com 363 vagas de internação, redução de cerca de 20% em relação aos 457 leitos disponíveis até a semana passada. A medida não deve afetar serviços de urgência e emergência, mas o atendimento à população será prejudicado, aumentando o tempo de espera por atendimentos e cirurgias eletivas.

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A Justiça do Trabalho determinou que o HC reorganize as escalas dos funcionários, impondo limite nas horas extras. Cada trabalhador poderá fazer no máximo duas horas adicionais por dia. Hoje, alguns profissionais chegam a fazer até seis horas extras, dobrando a jornada normal. Essa era a única maneira de manter os leitos abertos encontrada pelo hospital, que há anos tem falta de pessoal.

Equipes

Atualmente, o HC tem 2.900 funcionários. Segundo a direção do hospital, para retomar o funcionamento dos 457 leitos abertos até a semana passada seria necessária a contratação de pelo menos 400 profissionais. Mesmo assim, a instituição continuaria operando abaixo de sua capacidade plena, que é de 550 pacientes internados. Para chegar a esse número, seriam necessárias cerca de 600 contratações.

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Administrado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o HC é o maior hospital público do Estado. “Isso vai aumentar a fila por atendimento e o tempo de espera. Para algumas especialidades, a espera já é grande e vai aumentar muito”, diz o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho.

Segundo o diretor geral do HC, Flávio Tomasic, o número de leitos fechados poderia chegar a cerca de 200. “Tivemos que otimizar as escalas, juntando equipes de enfermarias diferentes para cobrir os furos. Nosso objetivo é, a médio prazo, reabrir essas vagas progressivamente até dezembro”, afirma.

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Para resolver a situação, o HC negocia parceria com a Secretaria da Saúde. A abertura de concurso para contratação direta de servidores pela UFPR está descartada pela União. O Ministério da Saúde recomenda que a gestão seja repassada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), possibilidade recusada pelo Conselho Universitário da UFPR.

Arquivo
Massuda: evitar desassistência.

Auditoria avalia impacto

A Secretaria Municipal da Saúde informou que fará auditoria no HC para avaliar o impacto do fechamento de leitos de internamento. A pasta informa que trabalha, desde o início da atual gestão, para garantir o pleno funcionamento de todos os hospitais que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba e manter a qualidade da assistência à saúde da população.

Em maio, a prefeitura firmou protocolo de intenções com a UFPR para instalação da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Matriz nas dependências do HC. A secretaria ficará responsável por todos os projetos e custeio da ampliação da área ocupada pela UPA, assim como a gestão da unidade e a contratação de profissionais para atendimento da população.

“Como já fizemos nos períodos mais críticos do Hospital Evangélico, estamos trabalhando para garantir o pleno funcionamento do Hospital de Clínicas e evitar a desassistência à população”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda.