A população de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, está preocupada com o destino do Hospital São Vicente de Paulo, que existe desde a década de 40 e foi construído pela Associação Beneficente São Vicente de Paulo.
Ao longo dos anos, a instituição enfrentou diversas dificuldades financeiras. Porém, na última sexta-feira, um jornal do município divulgou que o hospital havia sido vendido a um empresário, pelo valor de R$ 5,5 milhões, e que seria transformado em um alojamento de trabalhadores.
A informação deixou muita gente alarmada e fez com que, na segunda-feira, o prefeito Albanor Zezé Gomes assinasse um decreto de desapropriação do São Vicente, declarando-o como de utilidade pública por interesse do município de Araucária.
A ação tranquilizou boa parte da população. Porém, muita gente ainda teme o fechamento do hospital, já que há rumores de que o imóvel poderia ser destinado às instalações da Secretaria Municipal de Saúde.
O plano de saúde do soldador Erivaldo Alves Iascheviski só atende no São Vicente. Se a instituição for desativada, ele vai ter que ir à capital para conseguir atendimento.
“O local mais próximo que atende meu plano fica em Curitiba. Até lá, de ônibus, levo 40 minutos. Quando precisar ir ao médico vou ter que praticamente perder um dia inteiro de trabalho”, afirma.
Saúde
O secretário municipal de Saúde de Araucária, Haroldo Ferreira, confirma que, com a desapropriação, é bem provável que o imóvel passe a servir às instalações da secretaria.
Entretanto, diz que a população não tem por que se preocupar, pois continuará contando com os serviços do recém-inaugurado hospital municipal. “O hospital municipal tem 120 leitos, que podem ser ampliados conforme a necessidade da população do município, que é de cerca de 130 mil habitantes”, comenta.
“Desde o ano passado, o São Vicente de Paulo não atende mais o SUS (Sistema Único de Saúde). A prefeitura não tem como arcar com os custos de duas instituições hospitalares, mas dará uma boa utilidade ao imóvel.”
Ontem, a prefeitura de Araucária divulgou nota informando que a área onde se encontra o hospital foi em parte doada por uma família tradicional do município e o restante pela própria administração municipal.
“O hospital também já chegou a receber ajuda financeira do município de Araucária, através de convênios, e também por meio de emenda parlamentar, via governos federal e estadual”, diz a nota.
Problemas financeiros
Cintia Végas e Mara Andrich
Texto enviado ontem por funcionários do Hospital São Vicente de Paulo à reportagem esclarece a situação. O informe diz que não restou alternativa à instituição senão vender o patrimônio para saldar dívidas, fazer a rescisão dos contratos dos colaboradores e pagar ações judiciais.
Diz, ainda, que a instituição foi vendida para o empresário Hissan Dehaini, e que tal atitude foi conhecida pela população. A prefeitura teria mostrado interesse na compra, mas ofereceu valor menor.
Ainda segundo o texto, a decisão de encerrar as atividades tem como motivo preponderante a falta de uma política realista de financiamento dos serviços prestados aos usuários do SUS, causando comprometimento financeiro. O informe também critica a administração da cidade:
“O Hospital São Vicente de Paulo fez várias propostas à Secretaria Municipal de Saúde de Araucária, na tentativa de manter as atividades, sendo todas rechaç,adas pelo poder público municipal”.
A prefeitura de Araucária informa que a venda não influencia no decreto, pois, para a administração municipal, não interessa quem é o proprietário. Ainda segundo a prefeitura, o próximo passo é fazer um levantamento do valor do imóvel e indenizar o proprietário.