Hospitais públicos à beira de um colapso

Insuficiência de leitos, mau funcionamento de equipamentos, carência de medicamentos e ausência de profissionais competentes fazem parte da realidade da grande maioria dos hospitais públicos e filantrópicos do Brasil, colocando em risco o bem-estar da população, inviabilizando atendimentos e mesmo o próprio funcionamento das instituições.

?Os hospitais públicos e filantrópicos, nas condições atuais, não possuem perspectivas de sobrevivência?, comenta o diretor superintendente do Hospital São Vicente, em Curitiba, Marcial Carlos Ribeiro. Ontem, ele coordenou, na capital, o I Fórum Paranaense de Gestão Hospitalar, do qual participaram especialistas em gestão de saúde de diversas partes do País.

Segundo Marcial, os hospitais sofrem imensamente devido à falta de recursos. Atualmente, são eles que arcam com grande parte dos custos de consultas e exames disponibilizados através do Sistema Único de Saúde (SUS). ?De forma geral, de 60% a 70% dos custos de procedimentos realizados pelo SUS são bancados pelos hospitais. Essa é a razão, por exemplo, pela qual as santas casas de misericórdia estão à beira da falência.?

Para piorar a situação, o governo determina que para uma instituição hospitalar ser considerada filantrópica e conseguir dedução de impostos, ela deve disponibilizar 60% de seus atendimentos para o SUS. Na situação atual, em que a remuneração feita pelo SUS é tida como muito baixa e os hospitais precisam angariar fundos através de planos de saúde e pacientes particulares, o diretor-superintendente considera esse percentual absurdo e inviabilizador do sistema.

Porém, na opinião do superintendente médico do hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), Flávio Borges, que foi um dos participantes do evento, também não adianta haver uma maior disponibilização de recursos se eles não forem bem administrados. ?As instituições hospitalares até fazem planejamento estratégico, mas 90% do que é planejado não é efetuado. Aos administradores, assim como aos médicos e a todo quadro funcional, falta uma maior visão de futuro. Não adianta ter dinheiro se as pessoas não sabem administrá-lo?, afirma.

Flávio acredita que, na área de saúde, os custos costumam ser bem maiores do que os verificados em outros setores. Em contrapartida, os hospitais estão atrasados em mecanismos de gerenciamento de suas despesas. Sendo assim, as estruturas e os procedimentos são caros, mas se faz muito pouco para otimizá-los. ?Os processos e custos devem ser revistos. Além disso, a medicina brasileira deve ser mais voltada à prevenção de doenças, o que agrega um alívio significativo a todo o sistema.?

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