Funcionários de hospitais particulares e filantrópicos de Curitiba, Região Metropolitana e litoral estão reclamando das más condições de trabalho e dos baixos salários. Amanhã à noite, eles se reúnem em assembléia e podem votar pelo indicativo de greve. Segundo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sindesc), as perdas salariais acumuladas desde 1998 somam 24,70%.
De acordo com a presidente do sindicato, Isabel Cristina Gonçalves, a proposta do sindicato patronal é de reajuste salarial de 0%, enquanto a inflação nos últimos 12 meses foi de 6,6%. ?Ainda por cima, querem tirar direitos já adquiridos anteriormente?, afirmou. Entre esses direitos, afirmou, está o fim da estabilidade pré-aposentadoria de 36 meses e o aumento do prazo para gozar o banco de horas, dos atuais 60 dias para um ano. ?Os trabalhadores da saúde atuam num quadro reduzido de funcionários, sob constante estresse?, apontou Isabel. Segundo ela, a categoria é a segunda em acidentes de trabalho, só atrás da construção civil. ?Há casos em que existe uma enfermeira para 40 pacientes ou uma servente cuidando de toda uma ala sozinha.?
A questão salarial é outro problema que aflige a categoria. De acordo com Isabel, há três níveis salariais que foram praticamente ?engolidos? pelo salário mínimo. É o caso do salário da enfermeira-padrão, que correspondia a 3,93 salários mínimos em 1991 e hoje corresponde a apenas 2,76.
Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), o sindicato patronal tem condições de conceder reajustes salariais. ?O ISS (Imposto sobre Serviços) do setor privado cresceu 11%, o que significa que o faturamento também subiu nesse patamar. Além disso, o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) teve crescimento de 5,82%?, afirmou o economista Cid Cordeiro, acrescentando que no Hospital de Clínicas o reajuste foi fechado em 6,6% e os servidores da saúde de Curitiba conseguiram 6%.
A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Fehospar) informou ontem, em nota, que ?reconhece as dificuldades vivenciadas pela classe trabalhadora da área de saúde?, mas salientou que ?o setor prestador de serviços se vê como o mais prejudicado pela política econômica implementada na última década?. Conforme a nota, não houve qualquer recomposição da tabela do SUS nos últimos dez anos.