Em média, 42% do total de pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais de Curitiba é proveniente de outras cidades, principalmente do interior do Paraná. Em alguns hospitais, como o Pequeno Príncipe, o índice chega a 65%. O dado é da Secretaria Municipal da Saúde, responsável pelo repasse das verbas do Ministério da Saúde na cidade.
Por causa de uma rede de atendimento ineficiente, muitos pacientes que não precisavam sair de suas regiões acabam se deslocando para Curitiba. Criar e manter estruturas custam caro. Assim, muitos municípios preferem alugar ou comprar ambulâncias e ônibus para transportar os doentes para a capital paranaense.
A secretária municipal da Saúde, Edimara Fait Seeqmüller, comenta que cada cidade deve, preferencialmente, resolver as necessidades de saúde de seus habitantes o mais próximo de suas casas. O SUS dá essa formação, requisitando que a questão de saúde básica seja resolvida por todos os municípios. Somente para as situações de maior complexidade, seria formada uma rede de organização com municípios de referência.
Ela explica que Curitiba é referência para a Região Metropolitana. Por isso, já estão previstos os gastos e a utilização da estrutura para quadros de maior complexidade dentro dessa área. "O grande problema é a não regulação que acontece em outros municípios. Extrapolam o que já foi organizado aqui para o atendimento. Isso dificulta o atendimento dos curitibanos e superlotam os nossos serviços", afirma Edimara. A secretária ressalta que normalmente os pacientes vindos de outras cidades necessitam de tratamentos de alto custo. O dinheiro gasto nesses casos não pode ser ressarcido por outros locais, o que inviabiliza o sistema.
De acordo com ela, os hospitais situados em Curitiba estão abarrotados de pacientes de fora. "Chega-se no limite financeiro e também de capacidade. Estamos atuando junto com o Estado para acionar o Ministério da Saúde. É preciso seguir os fluxos corretos para ter um melhor quadro", avalia. Quando se extrapolam os recursos nos hospitais, o município gestor assume a dívida. "Uma cidade como Curitiba passa a ter dificuldades em manter mais ações por causa disso, tendo que pegar dinheiro programado para outra coisa para pagar dívidas que não estavam pactuadas. Os hospitais ficam desgastados porque não conseguem fluir com o atendimento também", revela a secretária.
Edimara lembra que em frente aos hospitais não se encontram somente ambulâncias de outras cidades. "Agora são ônibus. Em vez do gestor municipal criar uma estrutura, sai mais barato comprar um ônibus. E ainda colocam essas pessoas em risco."