Alface, rúcula, couve, brócolis, repolho, cebola, couve-flor, erva-doce. Essas são apenas algumas das hortaliças e plantas da horta comunitária cultivada por um grupo de moradores da Rua Luiz Foggiatto, no Orleans. A plantação fica num terreno baldio por onde passam torres de alta tensão, onde não podem ser construídas casas. A área, antes tomada pelo mato, transformou-se num espaço democrático, mantido por cinco moradores de condomínios de casas situadas na rua.

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Um desses pequenos agricultores é o aposentado Joaquim Cardoso, de 81 anos, que é natural de Rondônia, tem 11 filhos, 16 bisnetos e há pouco mais de um ano vendeu seu apartamento no Fazendinha para viver num dos condomínios no Orleans. Logo que se mudou, soube da existência da horta e pediu para fazer parte da comunidade de pequenos agricultores.

Para ele, além da subsistência, o minifúndio ajuda a economizar nas contas do final do mês. Joaquim passa até duas horas por dia preparando o cultivo de suas hortaliças, no que ele chama de “exercício para passar o tempo”. “Não dá para ficar parado. Aqui cada um tem seu pedaço de terra para plantar. Antigamente era uma moradora que cuidava, mas ela não aguentava mais. Então esse grupo de moradores começou a cultivar no terreno. Eu me mudei para cá há pouco tempo e pedi um pedacinho pra mim”, conta Joaquim.

O idoso conta que os agricultores da rua se reuniram com os donos do terreno e entraram num acordo para poder plantar no local. “Queriam que pagássemos IPTU, mas fizemos um trato. Ficou decidido que nós podemos plantar se cuidarmos do terreno. Temos que ficar atentos, por exemplo, com a água parada dentro de balde por causa da dengue. Agora, um fiscaliza o outro”, relata.

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Frescos e sem agrotóxico, os alimentos são colhidos e vão direto para a cozinha dos moradores. As verduras, frutos e leguminosas rendem uma nutritiva salada e ajudam a manter uma vida saudável. “Nós não vendemos nada. Consumimos tudo o que plantamos”, diz Joaquim, que está sempre acompanhado de seu cãozinho de estimação, o Juca. O terreno tem espaço ainda para árvores frutíferas. “Essa parreira é do meu vizinho”, mostra o idoso, cuja esposa sofre de problema de visão e não pode ajudá-lo na plantação. “Para ela é bom comer muita cenoura”.

Frio

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Apesar de ser um hobby para o aposentado, manter seu pedaço na horta demanda muita paciência. Principalmente nos dias de frio intenso e de geada, como aconteceu na semana passada. “Nós perdemos quase tudo. A alface morreu quase toda”, lamenta Joaquim, que não esmorece e, diante de um belo dia de sol, já preparava o terreno para plantar mandioca.

Mais de 13 mil beneficiados

Mais de 1.280 hortas comunitárias espalhadas por Curitiba, principalmente na periferia da capital, fazem parte do programa Nosso Quintal, da Secretaria Municipal de Abastecimento (Smab). Os minifúndios que ocupam em torno de 80 hectares de plantio já beneficiam 13 mil pessoas de diversas comunidades.

O coordenador da unidade de agricultura urbana da pasta, Edson Rivelino, explica que a maioria dos lotes fica em terrenos por onde passam torres de energia elétrica. “O procedimento básico para regulamentar a horta é entrar em contato com o dono do terreno. Às vezes é preciso apenas contatar a empresa de energia, como a Copel, para conseguir a autorização e não necessariamente a prefeitura. Então é feito um termo de parceria e é assinado um contrato”, explica.

Quando o espaço público é cedido pelo dono do terreno, a secretaria fornece insumos, como mudas de hortaliças, adubos, fertilizantes e realiza até treinamento com os pequenos agricultores sobre como preparar a terra e, cultivar os alimentos. Segundo Rivelino, a horta do Orleans não está cadastrada no programa, mas quem quiser o apoio da prefeitura pode entrar em contato com a secretaria nas unidades localizadas nas Ruas da Cidadania ou pelo telefone (41) 3361-2359.