Homenagem aos 62 anos de Monte Castelo

Adrenalina, coração pulsante e uma única visão: a montanha chamada Monte Castelo. Assim poderia ser descrita a sensação daqueles homens que combateram em uma das batalhas mais importantes para o Exército brasileiro durante a Segundo Guerra Mundial. No dia 21 de fevereiro de 1945, no vale do Rio Reno, na Itália, a Primeira Divisão da Infantaria Expedicionária conseguiu, depois de 12 horas de combate, vencer a tropa inimiga alemã e conquistar a montanha. Essa façanha, ocorrida há 62 anos, foi relembrada ontem durante uma homenagem à bravura dos soldados brasileiros que participaram da guerra.

A tomada de Monte Castelo recebe essa reverência especial pelo Exército porque o desafio desses homens começou logo na viagem, que deixaram um país tropical para ingressar nas águas geladas do Oceano Atlântico. Vencido esse desafio, tiveram que usar da criatividade e habilidade para combater com um material inadequado e lutar contra uma tropa experiente. Em alguns momentos permaneceram em regiões onde a temperatura chegava a 20ºC negativos, além de toda a pressão psicológica imposta pelo Exército alemão. Apesar dessas dificuldades – que resultou inclusive na baixa de 98 soldados -, a divisão conseguiu alcançar o cume da montanha e vencer essa batalha, que serviu de impulso para outras divisões conquistarem novas vitórias.

Quem viveu essa experiência garante que mesmo com o passar dos anos é difícil esquecer aquele tempo. A enfermeira Virgínia Leite estava entre as 73 mulheres – das quais oito paranaenses – que deixaram o Brasil para integrar a equipe que combateu na Segunda Guerra. Entre lágrimas, ela comenta que foi um período muito triste, impossível de apagar.

Também emocionado, o ex-combatente, Geraldino Werner, comenta que tudo o que viveu naquele período foi horrível, e define na frase ?a morte caminha sob meus pés? a experiência difícil de se locomover num terreno minado, onde perdeu muitos companheiros.

Apesar de ter ser sido ferido e ficar dez dias no hospital, Werner voltou e lutou até o fim da guerra. Hoje, com 84 anos, ele diz que, apesar dos horrores, trouxe na bagagem muita coisa que aplicou ao longo da sua vida. ?Eu fui para guerra com 19 anos, como voluntário. Garanto que voltei com outra mentalidade, muito mais humano e com muita garra para trabalhar e formar a minha família?, declarou.

Homenagens

Para o comandante da 5.ª Região Militar e 5ª Divisão do Exército, general de divisão Túlio Cheren, lembrar a data é mais que uma tradição, ?é uma forma de manter viva a história que esses heróis vivenciaram em Monte Castelo na Segunda Guerra, que foi uma marco para nós?. Para o general, foram esses soldados que trouxeram a liberdade ao País, lutando contra a tirania alemã e implantando o caráter democrático do Exército.

Além dos pracinhas – como foram carinhosamente apelidados os ex-combatentes -, o Exército prestou diversas homenagens no dia de ontem. No quartel-general do bairro Pinheirinho, em Curitiba, a 5.ª Divisão do Exército em conjunto com a Legião Paranaense do Expedicionário inauguraram o monumento alusivo à Força Expedicionária Brasileira. Já em frente a Praça do Expedicionário, no bairro Alto da XV, foram entregues diversas medalhas para as pessoas que se destacaram no seu trabalho no ano passado. Entre os homenageados estava João Carlos Esperanssetta, que há três anos é assessor cultural voluntário no Museu do Expedicionário. 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo