Homem morre e família acusa hospital

A morte do vendedor José Batista da Silva, 51, na noite de quarta-feira, no Hospital de Clínicas (HC) em Curitiba, foi motivo de muita revolta. Segundo os familiares, o vendedor teria sido transferido para a Unidade de Terapia Semi-Intensiva porque não havia vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A direção do hospital informou que adotou todos os procedimentos necessários e que o paciente não teria resistido. O motivo da morte foi hemorragia gástrica de grande porte.

De acordo com o diretor do Corpo Clínico do HC e diretor – geral em exercício, Celso Fernando Ribeiro de Araújo, o paciente procurou o Pronto Atendimento na manhã de terça-feira. Por volta das 14h, ele teria sido atendido e recolhido para exames. Seu problema foi identificado como de gravidade e havia a necessidade de internação em um local de atendimento monitorado. “Não adiantava colocá-lo em uma vaga comum”, explicou o diretor.

Segundo ele, o paciente foi transferido para o Serviço de Emergência Clínica (SEC), onde há oito leitos de UTI – quatro para UTI cardíaca e quatro para UTI neurológica. O vendedor, segundo o médico, foi internado no leito de UTI cardíaca, onde teria recebido todos os cuidados necessários. “Todo o atendimento que cabia foi feito. Infelizmente ele não teve a resposta que esperávamos que tivesse”, afirmou o diretor. O paciente morreu na quarta-feira, por volta das 22h30, segundo o HC.

O Hospital de Clínicas conta com 38 leitos de UTI e cerca de 60 leitos para atendimento de médio risco. O número de atendimentos diários no PA é de quase 300.

Ponta Grossa aguarda a UTI móvel

A população de Ponta Grossa terá de esperar pelo menos mais uma semana para ser atendida pela UTI móvel cedida pelo governo do Estado. De acordo com o diretor de Atenção à Saúde da secretaria municipal, Amilcar Ruani, a Justiça concedeu prazo de dez dias, a contar da última quarta-feira, para a Prefeitura de Ponta Grossa colocar a unidade em funcionamento. O problema, segundo Ruani, é que a UTI precisa ser equipada e ainda não há corpo médico formado. Em Ponta Grossa, a taxa de óbitos dos pacientes que precisam de UTI é de quase 50%, quando deveria estar abaixo de 20%. Desde o início do ano, já morreram 33 pessoas na fila de espera no município.

“A princípio, vamos tentar cumprir o prazo estabelecido pelo juiz”, afirmou o diretor Ruani. “Mas talvez tenhamos que argumentar que a montagem de uma UTI não acontece da noite para o dia. O Estado cedeu o veículo, mas não os equipamentos nem o corpo clínico”, justificou. Segundo ele, a unidade móvel contará com aparelhos como respirador, desfibrilador, monitor cardíaco e medicamentos, que deverão custar cerca de R$ 20 mil. Além disso, a equipe técnica terá de ser formada, no mínimo, por dez médicos, quatro auxiliares de enfermagem e dois motoristas.

“A questão financeira é essencial. O município teria que gastar além de sua conta normal que já é de 20% do orçamento”, alegou o diretor, referindo-se aos gastos de quase R$ 1 milhão por mês com saúde. De acordo com Ruani, Ponta Grossa conta com quase 260 mil habitantes, mas atende a quase 700 mil na área da saúde. “Segundo o que estabelece a Organização Mundial de Saúde, uma cidade do porte de Ponta Grossa deveria ter 54 leitos de UTI, mas só existem 22”, lamentou.

Déficit

De acordo com o chefe de gabinete da Secretaria Estadual da Saúde, Gleden Teixeira Prates, o déficit de leitos de UTI no Estado é de 172. Só em Ponta Grossa, o déficit é de 35 leitos. Ontem, o secretário estadual da Saúde, Cláudio Xavier, esteve em Brasília em encontro com o ministro da Saúde, Humberto Costa, reivindicando a criação de 355 novas vagas em UTI. “A gente trabalha com uma margem maior para que não faltem mais leitos”, explicou o chefe de gabinete. Segundo ele, caso a quantidade reivindicada seja atendida, o Estado estará suprido pelos próximos cinco anos.

No caso de Ponta Grossa, conta Prates, o último cadastramento de leitos ocorreu em 1989. Desde então, havia 18 leitos na cidade credenciados pelo SUS. Quatro vagas foram criadas recentemente e outras 32 devem ser criadas em um prazo de três meses: dez no Hospital Pinheiros, dez no Hospital Bom Jesus, seis na UTI infantil do Hospital da Criança e outras seis na UTI neonatal da Santa Casa. Segundo Prates, ainda não há dados sobre o investimento total. “A maior parte dos hospitais cede os leitos. Nesse caso, os gastos são mínimos.”

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