Matéria atualizada
A estudante Graziela Oliveira, 22 anos, disse que deve prestar queixa na Polícia ainda nesta quarta-feira (06) para relatar o abuso sexual que sofreu de um ônibus coletivo de Curitiba. Na manhã desta quarta, ela deu entrevista ao portal G1 PR. “Sinto nojo de tudo o que aconteceu”, relatou chorando.
Graziela afirma ter sofrido abuso sexual dentro de um biarticulado da linha da linha Centenário/Campo Comprido, no fim da tarde de terça-feira (5).
Para se livrar do agressor, a moça desceu em uma estação-tubo antes de seu destino. “Antes de sair o empurrei e disse a ele que era um velho nojento e deveria se envergonhar de agir desse modo em qualquer lugar que seja. Ao descer percebi que ele não havia apenas se encostado e insinuado, ele havia ejaculado na minha saia, e então eu desabei”, revelou, na publicação.
Ela tirou uma foto de sua saia com a ejaculação do homem que a violentou e postou no Facebook. Milhares de pessoas compartilharam o relato publicado por Graziela. Além da descrição impressionante, a jovem ainda divulgou a foto de sua saia com a ejaculação do homem que a violentou.
A repercussão foi tanta – mais de 30 mil compartilhamentos – que a moça apagou a postagem. No texto publicado, ela contou que entrou no ônibus, em horário de pico, e se ajeitou em um canto. “Guardei o celular na bolsa e foi então que eu percebi que ele estava ali. Parado bem nas minhas costas, aproveitando de cada curva para se esfregar em mim”, disse. A estudante afirmou que tentou dar um passo à frente, mas foi acompanhada pelo homem, que continuou encostando-se a ela. Ela tentou empurrá-lo com o cotovelo, mas ele insistiu em “se esfregar”, gemendo.
Boletim de ocorrência
Ao G1 PR, Graziela disse que até a manhã desta quarta ainda não havia registrado Boletim de Ocorrência (B.O).
“Vou fazê-lo ainda hoje, com mais duas meninas que disseram ter passado pela mesma coisa. Sei que os abusos não vão terminar por aí, mas é necessário. Muita gente acha que estou mentindo, mas isso é para eu não ter coragem de denunciar”, afirma.
Nesta quarta, a jovem relatou que precisou pegar ônibus para ir à faculdade e que sentiu muito medo. “O ônibus começou a lotar e eu já fiquei nervosa. É um trauma que vai ficar, sem dúvida”, garante.
Importância de denunciar
Sobre o caso, a Prefeitura de Curitiba enviou nota informando que, tão logo tomou conhecimento do fato, a secretária da Mulher, Roseli Isidoro, entrou em contato com a jovem. “Além de apresentar solidariedade, a secretária ressaltou a importância de formalizar a denúncia e colocou-se à disposição para apoiar a vítima nesse processo e também na superação do trauma causado pela agressão”.
A secretária reforçou a importância da campanha “Busão Sem Abuso”, que visa informar à população a respeito do problema, estimular a denúncia e orientar sobre como agir em caso de abuso dentro do transporte coletivo. A campanha é desenvolvida desde novembro de 2014 pela Prefeitura, por meio da Secretaria da Mulher, Guarda Municipal e da Urbs, em parceria com o Tribunal de Justiça do Paraná, o Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo (Setransp) e o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc).
A administração municipal ainda ressaltou a importância das denúncias, que devem ser feitas imediatamente pelo telefone 153 da Guarda Municipal, com informações precisas sobre a linha, o trajeto do ônibus e a descrição do suspeito, para que os guardas possam interceptar o veículo do transporte coletivo no menor tempo possível. Conforme a nota, os profissionais – motoristas, cobradores, seguranças nos terminais e fiscais da Urbs – também são orientados sobre como proceder diante de um caso de abuso.
De acordo com a prefei,tura, desde o lançamento da campanha “Busão Sem Abuso”, a GM já atendeu 107 ocorrências de assédio sexual e atos obscenos ou libidinosos no interior do transporte coletivo, que resultaram em 15 prisões em flagrante.”É importante ainda que a vítima de abuso registre oficialmente a ocorrência em delegacia de polícia para que essas informações ajudem nas investigações e na prevenção desses crimes”.
