Apesar de 30% dos brasileiros serem hipertensos, metade dessas pessoas nem sabe disso, de acordo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. A doença é grave e pode levar à morte por complicações cardíacas, cerebrais e renais. Para conscientizar a população e promover a prevenção, hoje comemora-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.
A Sociedade Paranaense de Cardiologia montou ontem uma tenda na Boca Maldita para aferir a pressão arterial dos pedestres e repassar orientações. Antonio Kotani conta que cuida da alimentação e faz atividades físicas para evitar a doença. “Como de tudo, mas evito gordura e carne. Também jogo tênis e faço ginástica”, diz. Ana Maria de Barros tem problemas cardíacos e dois infartos. Por isso, tem dieta rigorosa e toma medicamentos para controlar a pressão. “Tomo bastante cuidado com a alimentação. Tenho que cuidar pro resto da vida”, relata.
Ponta do iceberg
Francisco Maia, diretor do Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia (Funcor/SBC), define hipertensão como aumento do valor da pressão arterial (níveis acima de 140/90). Mas considera a doença apenas a ponta do “iceberg”. “Não dá para saber os efeitos no organismo, como no cérebro, coração, rins e sistema vascular”, explica.
Para o médico, a doença é um “inimigo silencioso”, porque normalmente não são percebidos sinais. “O paciente que tem sintomas tem vantagens, porque são um alerta. Cefaleia, tontura, visão turva, desconforto no peito, palpitações e formigamentos podem ser sinais”, pontua.
Cuidados em todas as idades
Entre os fatores que predispõem à hipertensão, estão a má alimentação, principalmente ingestão excessiva de sal e alimentos gordurosos, sedentarismo, obesidade e estresse. Os perigos da pressão alta são muitos, como ataque cardíaco, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e insuficiência renal. Metade das mortes no Brasil é causada por problemas cardíacos, que podem ser originados ou agravados pela pressão alta. O cuidado deve ser tomado em todas as idades. Entre as crianças, 6 a 8% são hipertensas.
Nem todos reduzem condimentos
Arquivo |
---|
Mauro: quantidade velada. |
Tem gente que, por mais que o médico insista para reduzir o sal e os condimentos, não abre mão do sabor forte na comida. É o caso de Maria Juracy Carvalho, segundo seu filho, Jaime. “A mãe acha que está se cuidando, porque faz caminhada todo dia, mas ela gosta de muito tempero. Acho que ela não acredita que o sal faz mal”. Ele diz que pelo menos duas vezes por mês ela é internada com hipertensão, mas que nem isso faz com que a mãe se conscientize. “Ela é turrona”, conforma-se.
O grande vilão da hipertensão -o sal – deve ser consumido com moderação. O endocrinologista Mauro Scharf conta que a recomendação da Organização Mundial de Saúde é de dois a três gramas de sal por dia. “Existem pesquisas que mostram que o brasileiro consome em média quatro a cinco gramas por dia”, relata.
Identificação
De acordo com Scharf, a ingestão excessiva de sal muitas vezes é difícil de ser identificada. “O problema não está apenas nos pacientes que carregam saleiro para mesa, mas a grande quantidade muitas vezes estão veladas, por exemplo, em alimentos embutidos e macarrões instantâneos”, destaca.