Mochila nas costas, violão nas mãos e disposição para encarar qualquer aventura. Esses são os ingredientes da excursão de dois viajantes que os Caçadores de Notícias encontraram no Portão, em Curitiba. Para o músico peruano Nikolas Urbina, 26 anos, e o chef de cozinha colombiano Wolfgang Castellanos, 20, a capital paranaense é o fim da primeira etapa de uma turnê em busca da música e da culinária do Brasil.
Nikolas e Wolfgang saíram de Misiones, na Argentina, no dia 30 de abril, com mais dois aventureiros. Sem muito planejamento e sem moeda brasileira no bolso, cruzaram a fronteira e encararam mais de 600 quilômetros de estrada, a pé e de ônibus, antes de encontrar a hospitalidade de uma família curitibana.
“Eu conheci o Nikolas quando fui fazer um curso de gastronomia molecular no Peru”, conta Wolfgang. “Depois de uma viagem até o Chile, entrei em contato com ele, que estava na Argentina, e conversamos sobre o Brasil e as oportunidades que existem aqui, com o Mundial de 2014 e as Olimpíadas de 2016. E, claro, toda a riqueza da música e da gastronomia.”
De Foz até Curitiba, foram cinco dias de viagem e momentos bem difíceis. “Chegamos no dia 1.º de maio, só com pesos argentinos. Não conseguimos trocar e descobrimos que não valem nada por aqui. Não tínhamos como comprar passagens e decidimos caminhar. Só então nos demos conta como estávamos longe de Curitiba”, diz o cozinheiro. A pé, a turma percorreu 35 quilômetros até São Miguel do Iguaçu, onde conseguiram ajuda para tomar um ônibus até Cascavel. “Lá começamos a vender as nossas coisas. Celular, roupas, tênis”, explica Nikolas.
Depois de mais alguns quilômetros e noites de sono apertadas em uma barraca, a turma chegou a Laranjeiras do Sul, onde o grupo de dividiu. Sem dinheiro, Nikolas e Wolfgang encontraram apoio na assistência social do município para chegar a Prudentópolis e, finalmente, seguir até a capital.
Em busca de grana pra seguir viagem
“Depois de tanto sacrifício, nos sentimos agradecidos. Sempre quisemos seguir adiante e perdemos o medo. O único caminho era em frente. Conhecemos lugares e paisagens incríveis… Quando se está longe, só e abandonado, a gente se conhece melhor. Depois que se passa fome e sede, tudo o que vem depois está bom”, diz o músico.
O registro da viagem está em algumas imagens de vídeo registradas por Nikolas. “As melhores fotos estão na cabeça. Agora vamos buscar um jeito de imprimi-las. Em viagens como essa, me dei conta que posso aprender gastronomia, mas também antropologia, línguas e conhecer novas culturas”, constata Wolfgang.
Abrigados na casa das amigas curitibanas Camila e Luciana Sendeski, eles planejam ficar na cidade até juntar recursos para seguir viagem até o Rio de Janeiro. “Quero absorver toda a cultura musical que puder e juntar com o que sei, para criar coisas novas”, diz Nikolas, que está divulgando seu disco, chamado Beleza Pura. “Um dia vamos escrever um livro, mas ainda temos muita coisa para viver”, conclui Wolfgang.
Gerson Klaina |
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Dupla chegou a vender objetos pessoais para prosseguir na jornada. |