Com a proximidade do Carnaval e um grande número de pessoas se deslocando de um lugar a outro do País, médicos e agentes de saúde começam a se preocupar com uma possível maior incidência de algumas doenças, como hepatite A e dengue.
A primeira, causada pelo vírus HVA e caracterizada por inflamação no fígado, tem como grupo de risco justamente os viajantes. Quando pessoas que nunca tiveram a doença e moram em áreas de baixa endemicidade se deslocam para locais de média e alta endemicidade, as chances da enfermidade ser adquirida são altas.
"É muito comum que estrangeiros adquiram a hepatite A ao viajarem para países com condições sanitárias inferiores, onde ficam mais expostos ao vírus", comenta a médica hepatologista e chefe do serviço de hepatologia do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, em Curitiba, Dominique Araújo Muzzillo.
A contaminação se dá através de fezes de pessoas doentes. No Brasil, é comum que, em muitas praias, o esgoto seja lançado diretamente no mar. Desta forma, água, ostras e mariscos acabam sendo contaminados e as pessoas acabam adquirindo a doença ao se banharam ou ingerirem os animais crus. Os principais sintomas do mal são: febre, sensação de fraqueza, náuseas, vômitos, falta de apetite e coloração amarela na pele e nos olhos.
"Para evitar a doença, aconselho as pessoas a não se banharem em locais com escoamento de esgoto, comerem ostras e mariscos assados ou cozidos e ingerirem apenas água mineral ou de torneira fervida. Quando os sintomas da doença forem observados, um médico deve ser procurado imediatamente. A hepatite A pode ser fulminante em idosos e crianças muito pequenas", diz Dominique.
Recentemente, um quadro da hepatite A, feito pela Secretaria de Vigilância em Saúde, dividiu o Brasil em cinco áreas, de acordo com a quantidade de ocorrências em 2002, por 100 mil habitantes. O Paraná, juntamente com Roraima e Amapá, está entre os estados mais atingidos, com mais de 100 casos.
Dengue
Já a dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é comum no verão e ocorre geralmente após períodos de chuva. Há dois tipos da doença: a clássica e a hemorrágica. Na maioria das vezes, quando a pessoa é contaminada pela primeira vez, adquire a dengue clássica. Em uma segunda contaminação, o risco de dengue hemorrágica é maior. Esta é considerada mais grave e pode levar os pacientes à morte.
Os principais sintomas da dengue clássica são: dores de cabeça, dores atrás das órbitas dos olhos, febre, dores musculares e nas articulações. Na dengue hemorrágica, costuma haver perda de sangue e sangramentos espontâneos.
Diante de qualquer sinal da doença, também é indicado procurar um serviço médico o mais rápido possível. A prevenção se dá através do não acúmulo de água parada em locais como pneus, garrafas, vasos de plantas e caixas d’água. No Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foram registrados 989 casos em 2005. No início deste ano, foi constatada uma pessoa contaminada em Foz do Iguaçu. Ela chegou à cidade com os sintomas da doença, vinda de Rondônia. (CV)
