O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vai parar de fornecer no final do mês o medicamento Glivec, usando por quem sofre de leucemia mielóide crônica, para os 117 pacientes que atende atualmente. A justificativa é que o hospital já sofre com déficit no pagamento do medicamento e o Sistema Único de Saúde (SUS) não se manifestou se vai dar o reajuste de 3,64% que será repassado pelo laboratório farmacêutico em junho.
Há cerca de um mês, o hospital não recebe mais novos pacientes que precisem desse tratamento. ?No próximo dia 1.º de junho o laboratório vai reajustar. Se nós renovarmos o contrato com eles sem a previsão de verbas, podemos ter um prejuízo de R$ 800 mil no próximo ano caso o SUS não repasse o novo valor?, explicou o diretor-geral do HC, Giovani Loddo. Segundo ele, o hospital recebe cerca de três novos pacientes que precisam do remédio por mês. E se continuasse a atender os 117 e os novos sem o repasse, o prejuízo poderia chegar a R$ 1,3 milhão.
Loddo usou números de pagamentos feitos por outros procedimentos pelo SUS para explicar a razão que o hospital não pode assumir este ônus. ?Em 2006, juntando seis procedimentos pagos pelo SUS, tivemos R$ 6,450 milhões de prejuízos. Em 2005 o déficit foi de R$ 6,628 milhões. E tudo isso sem contar o Glivec, que está dando um prejuízo mensal de cerca de R$ 70 mil ao hospital há dois anos?, afirmou. O diretor-geral explicou que o Glivec evita o transplante de medula óssea e a falta dele pode fazer a doença voltar.
O Ministério da Saúde (MS) informou, por meio da assessoria de imprensa, que o Instituto Nacional do Câncer está revendo as portarias que garantem ?assistência aos portadores de leucemia com o objetivo de regularizar esta situação?. O ministério assegurou que ?não há defasagem de preço pago pelo SUS e que o que aconteceu foi um aumento que o laboratório fez sem qualquer tipo de negociação?. O remédio custa de R$ 4 mil a R$ 6 mil por mês para cada paciente.