O Hospital de Clínicas (HC), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizou o primeiro implante de células-tronco em um paciente com doença cardíaca na última quinta-feira. Esse é o marco da instalação do laboratório de pesquisa de células-tronco do hospital, que estava sendo montado há dois anos. O primeiro paciente tem 38 anos e sofre cardiomiopatia dilatada sem causa definida. O procedimento, entre retirar as células do osso ilíaco (no quadril), manipulá-las em laboratórios e implantá-las no coração, durou pouco menos de dez horas e o paciente já deve receber alta hoje.

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Essa doença faz com que o coração fique dilatado com diminuição da sua contratividade (batimentos). Então o paciente tem dificuldade para realizar esforços de grande e média intensidade. O tratamento convencional é com medicamento ou transplante. Os pacientes que já realizaram o implante de células-tronco em outros hospitais, segundo o cardiologista e professor do HC, Ricardo João Westphal, apresentam bons resultados.

O médico é o idealizador do laboratório do HC. ?Acho que uma universidade federal tem que ter tecnologia de ponta em qualquer especialidade. E contamos com a ajuda de diversos profissionais para implantar o laboratório?, contou.

As células são extraídas do osso do quadril do paciente, de onde são retirados cuidadosamente, 100 mililitros de sangue. Esse material vai para o laboratório, onde se isolam as células-tronco. Depois, por meio de cateterismo (que acessa o coração por meio da artéria femural da perna direita), que é pouco invasivo, injeta-se o material em três coronárias do coração.

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?O objetivo é ajudar o coração a melhorar sua função e não se sabe ao certo ainda como o efeito ocorre?, explicou o médico. Esse primeiro procedimento faz parte de uma pesquisa, que deve abranger ao todo 30 doentes. O médico disse que o HC ainda está selecionando os pacientes, que não precisam estar se tratando na instituição necessariamente.

O paciente deixa a medicação somente depois de comprovada a eficácia do implante. ?Eu trato outros dois pacientes que passaram pelo procedimento (em outro local) e eles diminuíram o remédio e podem fazer atividade física de maneira melhor?, afirmou Westphal. 

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