O Hospital de Clínicas (HC) termina mais um ano em crise. A instituição fez mais de 63 mil atendimentos este ano, a maioria deles pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas não consegue receber por uma parcela dos serviços prestados que, só em 2002, chega a R$ 2,5 milhões. A dívida do HC gira em torno de R$ 3 milhões. Em 2003, o hospital vai passar por uma reforma administrativa para tentar aumentar o faturamento.
O HC sobrevive com uma única política: cortes. O professor Celso Ribeiro Araújo, diretor de assistência do hospital, revela que a economia atinge as áreas possíveis, como contratos de manutenção e recuperação da infra-estrutura. Segundo ele, medicamentos e insumos hospitalares não sofrem contenção.
O faturamento do HC, de R$ 3,5 milhões por mês, vem dos atendimentos realizados pelo SUS. De acordo com Araújo, o hospital produz mais do que recebe. “A gente faz questão de emitir a nota mesmo sabendo que não vai receber”, conta. Quem repassa os recursos para o HC é a Secretaria Municipal de Saúde, que capta o dinheiro diretamente do governo federal. “O gestor municipal tem limites financeiros e não somos os únicos prestadores de serviços”, explica Araújo. Para Araújo, a solução seria aumentar o teto destinado ao HC e isso depende da revisão de cálculos do Ministério da Saúde.
Uma das grandes dificuldades, de acordo com ele, é trabalhar com somente metade do faturamento mensal, já que cerca de 55% do dinheiro vai para a folha de pagamento de 3.484 funcionários. A dívida de R$ 3 milhões é quase em totalidade com a Copel.
Para sobreviver, o HC também recebe ajuda da comunidade. Cerca de R$ 60 mil são repassados ao hospital por mês com contribuições pelas contas da Copel. Além disso, há a Associação dos Amigos do HC (AAHC), que capta recursos para alguns projetos do hospital.