Mito. Em uma palavra, talvez seja a descrição perfeita para Maria Bueno. Ao mesmo tempo considerada santa, lenda e assunto proibido, essa mulher vem fascinando muitos curitibanos desde a sua morte, em 1893. Maria Bueno nasceu em 8 de dezembro de 1864, em Morretes, e teve uma vida marcante na sociedade da época.
Hoje, se comemoram 143 anos do nascimento de Maria Bueno, cujo túmulo é o mais visitado no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, o mais antigo da cidade.
?Eu sou devota e isso vem de família. Agora, passo aqui no túmulo dela às segundas, quartas e sextas, porque fiz um propósito. Eu já fiz uma outra vez e fui atendida. Ela é uma santa poderosa?, afirma a doméstica Laura do Rocio Siqueira. O túmulo de Maria Bueno parece um santuário, com muitas flores e centenas de placas de agradecimento por graças alcançadas.
A história de Maria Bueno é controversa. Uma das versões indica que ela era uma prostituta e que havia sido proibida de ir até um bordel pelo amante, Inácio José Diniz, que fazia parte do 8.ª Regimento de Cavalaria da época. Maria Bueno desobedeceu e acabou sendo degolada por Diniz. Outra versão afirma que o motivo para o crime seria ciúmes. Mas alguns devotos acreditam que ela foi morta porque resistiu a uma tentativa de estupro. Diniz foi julgado pelo crime e absolvido.
Independentemente disso, o assassinato foi tão brutal que chocou a cidade. Desde então, Maria Bueno exerce um fascínio sobre muitos curitibanos e até sobre devotos de outras partes do País. ?Maria Bueno deve ter um poder, uma energia diferente, para causar tanto fascínio. Mesmo para o mais cético, este fenômeno é no mínimo estranho?, comenta César Almeida, autor e diretor da peça Maria Bueno A santa tipicamente curitibana, que ficou em cartaz este ano na capital. Almeida acabou interpretando Maria Bueno como uma mulher à frente de seu tempo. ?A conclusão para isto é que o assassino foi julgado por este crime bárbaro e absolvido?, ressalta.