A falta de segurança até para quem deveria promovê-la foi um dos motivos que levaram cerca de 20 guardas municipais de Curitiba a realizar um ato de protesto ontem, na Boca Maldita, no centro da capital. Os servidores protestaram contra as últimas três mortes de guardas municipais registradas nos últimos quatro meses. Durante o ato, promovido pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), ainda foram distribuídas cópias de uma carta aberta à população, onde, além de ressaltar a exposição da categoria à criminalidade, reivindicam uma revisão das condições de trabalho e de uma política de qualificação e capacitação dos guardas.
Além da panfletagem, os manifestantes também colheram assinaturas.
Segundo Adriano de Souza Pereira, que trabalha como guarda municipal há três anos, as mortes ocorridas nos últimos meses estariam relacionadas à atividade profissional. Para ele, os guardas têm sido alvo de investidas de criminosos pelo simples fato de serem agentes de segurança.
No entanto, ele acredita que um programa de capacitação continuada poderia evitar os assassinatos. “Não passamos por uma reciclagem, que deveria ser constante. Os cursos são poucos e o número de vagas sempre é muito limitado”, diz Pereira.
Para Izaías Gonçalves, que atua na profissão há seis anos, o assassinato do guarda municipal Aparecido José de Souza, morto com um tiro na cabeça e dois no peito no dia 24 de setembro, no Centro Municipal de Urgências Médicas da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), foi marcante. “Ele tinha 25 anos de serviço, sequer havia prestado concurso para ingressar na Guarda e não tinha qualificação técnica para resguardar o local em que estava. Fica claro que é preciso investir na formação continuada”, afirma Gonçalves.
A prefeitura de Curitiba informou que providenciou seguro de vida para todos os guardas, que ainda passaram a contar com colete a prova de balas. A assessoria de comunicação da prefeitura informou que a maior parte dos servidores da Guarda possui porte de arma (exceto nos casos onde a função não exige o porte ou em que os servidores não foram submetidos ao curso de tiro). Para o órgão, as mortes ocorridas nos últimos meses foram casos pontuais.