Cerca de trezentas pessoas invadiram, às 23h30 de sexta-feira, uma área do Parque Nacional do Iguaçu, na região extremo-oeste do Estado. Utilizando-se de três retroescavadeiras, elas adentraram 3 quilômetros em meio à mata no local onde antes funcionava a Estrada do Colono, fechada pela primeira vez em 1986 e pela última no dia 13 de junho de 2001, durante uma ação conjunta da Polícia Federal e do Exército. Os invasores também destruíram o posto do Ibama no PNI.
O fechamento da estrada sempre causou muita polêmica, sendo que diversos integrantes da comunidade paranaense e líderes políticos trabalhavam pela reabertura. As pessoas que invadiram a área durante a madrugada de ontem ? e que também cortaram a linha telefônica e destruíram o posto de fiscalização do Ibama dentro do Parque ? alegaram que o fechamento limita o progresso da região do parque e promove a desaceleração da economia. A estrada, com 17 km de extensão, liga as cidades de Serranópolis do Iguaçu e Capanema. Sem ela, a viagem entre uma cidade e outra aumenta em cerca de 190 km.
Reintegração
Na tarde de ontem, o Ibama entrou com uma ação de reintegração de posse da área invadida. Segundo a rede de ONGs da Mata Atlântica, há suspeitas de que a invasão tenha sido comandada pelo deputado federal Irineu Colombo (PT-PR), que sempre se mostrou a favor da reabertura da estrada e estaria afirmando que a medida conta com o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ainda de acordo com a rede de ONGs, a ministra negou apoio à ação dos invasores e anunciou que pretende interpelar judicialmente Irineu.
O fechamento da Estrada do Colono sempre foi defendida por ambientalistas por estar localizada dentro de uma das principais áreas de preservação ecológica do País. Criado em janeiro de 1939, por meio do Decreto n.º 1.035, o Parque Nacional do Iguaçu possui uma área de 185.265 hectares e acolhe as Cataratas do Iguaçu, localizadas na fronteira com a Argentina. Em novembro de 1986, foi incluído na lista do Patrimônio Natural da Humanidade, durante a Conferência Geral da Unesco.
Governador repudia invasão
O governador Roberto Requião emitiu uma nota oficial condenando a invasão da Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu, ocorrida na noite de anteontem. O Ibama está solicitando ao governo do Estado que auxilie na solução do problema.
“Nenhuma necessidade humana justifica nova agressão ao Parque Nacional do Iguaçu, por isso a Secretaria de Estado do Meio Ambiente recomenda que os ocupantes deixem o parque para que ele continue sendo fundamental ao equilíbrio ambiental da região e do Paraná”, disse o secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida.
A estrada, que liga o Oeste ao sudoeste do Paraná, reduz em cerca de 190 km o trajeto entre os municípios de Serranópolis e Medianeira e Capanema, no extremo oposto. Ela foi fechada pela primeira vez por determinação judicial em 1986 com a finalidade de proteger a fauna e a flora. Embora tenha sido reaberta há alguns anos, sem autorização da Justiça, outra medida judicial determinou novamente o seu fechamento. No entanto, parte dos moradores da região continua insistindo para que seja reaberta.
O governo do Estado é contrário à reabertura da Estrada do Colono em função das graves conseqüências ambientais que esta ação acarretaria. O governador Roberto Requião emitiu uma nota oficial sobre o assunto, que é reproduzida a seguir:
“O governo do Paraná entende as razões que levam pessoas a tentarem a reabertura da Estrada do Colono. Todavia entende também que o Parque Nacional do Iguaçu é o último remanescente florestal significativo do Estado e assim deve ser preservado. Portanto não aceita a desobediência, discorda de qualquer tentativa de reabertura da estrada, bem como trabalha em entendimento com o governo federal, a quem compete a responsabilidade sobre a área, para que a saída dos ocupantes venha a ser rápida, pacífica e em bom termo”.
