Aproximadamente 500 usuários do transporte coletivo invadiram o Terminal Central de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, para protestar contra o aumento de custos no trajeto entre a cidade e a capital. Houve alguns momentos de tensão, quando uma parte do grupo ameaçou motoristas que furaram o bloqueio e um carro chegou a ser atingido por chutes e socos. Mas a maior parte do protesto foi pacífico e a polícia apenas acompanhou a situação.
Alguns manifestantes sentaram no asfalto e os ônibus pararam de circular pelo local. Eles também derrubaram as grades instaladas dentro do terminal para separar o espaço onde é feito o desembarque dos ônibus urbanos de Araucária da área de embarque nos ônibus para Curitiba. Desde às 16h30, pessoas se revezaram em um carro de som, relatando a dificuldade que estão tendo para arcar com os novos valores. Por volta das 19h, os manifestantes bloquearam o tráfego na Rodovia do Xisto, que foi liberado cerca de 15 minutos depois.
Com o fim da tarifa integrada, quem usa o serviço passou a pagar, desde ontem, R$ 5,80 para o trecho entre Araucária e Curitiba. Agora, esses passageiros pagam R$ 2,50 nas linhas municipais e mais R$ 3,30 nas metropolitanas que os trazem até a capital. Na prática, o trabalhador de Araucária que vem para Curitiba pagará R$ 11,60 para ir ao trabalho e voltar para casa.
Em nota, a prefeitura de Araucária se eximiu da responsabilidade pelo aumento. De acordo com o município, que alega não ter sido consultado sobre a mudança, esse reajuste é fruto da falta de entendimento entre Urbs e Comec.
TCE retoma julgamento da tarifa
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) vai retomar, na próxima quinta-feira, o julgamento do relatório da auditoria que apontou irregularidades na tarifa de ônibus de Curitiba e região metropolitana. Segundo o TCE, há a possibilidade de o relatório ser ampliado, porque a desintegração parcial da Rede Integrada de Transporte (RIT) deveria ter provocado redução na tarifa da capital, não aumento. Neste mês, a prefeitura aumentou a tarifa em 16% para pagamento em dinheiro, de R$ 2,85 para R$ 3,30.
De acordo com o TCE-PR, desde a publicação do relatório em 2013, a Urbs impetrou dois recursos de agravo, dois de declaração e dois de revisão. Todos eles são protelatórios, porque precisam ser analisados antes de serem devolvidos ao relator, neste caso, o conselheiro Nestor Baptista.
Realizado em setembro de 2013, o relatório da auditoria do TCE-PR mostrou que a tarifa deveria ser 16,7% menor do que a praticada naquela época (R$ 2,70). Desde então, a prefeitura já realizou dois reajustes o primeiro em novembro de 2014, quando ela passou a custar R$ 2,85, e o segundo neste mês: R$ 3,30 para pagamento em dinheiro e R$ 3,15 para quem utiliza o cartão transporte. Segundo os auditores do TCE, foram constados problemas na composição tarifária. Entre os itens irregulares estão a incidência de cartelização do sistema, anomalias na composição de custos e concessão de gratuidades e fragilidade da fiscalização do Sistema de Bilhetagem Eletrônica que afere justamente a quantidade de passageiros transportados diariamente.
Procurada pela reportagem, a Urbs nãos se pronunciou.