Grito dos Excluídos cobra governo

Pelo décimo ano consecutivo, o Grito dos Excluídos foi realizado ontem em Curitiba. A mobilização, promovida anualmente, é tradicionalmente organizada no dia 7 de setembro, mas este ano a Comissão Pastoral da Terra (CPT) adiantou a mobilização por causa do feriado. Nas outras capitais e em outras cidades brasileiras o evento acontece hoje. Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), o grito também acontece paralelamente às comemorações do Dia da Independência. Assim como outras mobilizações apoiadas pela CPT, o Grito dos Excluídos enfatiza a importância da inclusão social, combatendo o desemprego, a fome e a miséria. O presidente da CPT no Paraná, dom Ladislau Biernarski, destacou que o papel do governo federal para que ações sejam desenvolvidas a favor dos excluídos é fundamental: “A atual política pública não está tendo o retorno esperado. Nesse evento, procuramos mobilizar a população para o problema, não se conformando com a situação atual. O governo prioriza o crescimento da economia, mas acaba deixando de lado o social, âncora do desenvolvimento de um país”, disse o presidente da CPT.

O ponto alto da mobilização foi a Mostra da Economia Solidária, desenvolvida por associações de moradores da capital e de outras regiões do Estado. É um sistema de troca, que funciona com moedas próprias e é coordenado pelos pequenos produtores, que geralmente estão desempregados.

Alguém que produz soja, feijão, ou qualquer outro produto agrícola troca um quilo de sua produção por algum tipo de carne, bebida ou vestuário, e vice-versa. “É um sistema pequeno, mas que tem se mantido frente à economia globalizada e desenfreada que não colabora com a sociedade. São alternativas que estão acontecendo em alguns locais do País, mas que estão resolvendo o problema de muita gente. É uma iniciativa para romper o processo de exclusão social”, completou dom Ladislau.

Celebração

Além da Mostra da Economia Solidária, no final da tarde de ontem houve uma celebração ecumênica na Boca Maldita, no centro da capital, para fechar o dia dedicado aos manifestos dos excluídos. Um dos problemas levantados pela CPT em Curitiba se refere à moradia e ao desemprego. O secretário-executivo da entidade, Jélson Oliveira, afirmou que a falta de moradia e de ofertas de emprego está prejudicando o desenvolvimento social dos moradores da capital: “É uma questão que abrange todo o País, e aqui não seria diferente. A economia cresce, mas não vemos avanço nos pontos sociais. As pessoas continuam com dificuldades básicas”, ressaltou. “E são com essas mobilizações que, aos poucos, a discussão vem à tona. Com a pressão da população, o poder público terá que criar alternativas para reduzir ou até mesmo acabar com a exclusão social, que é o principal problema brasileiro”, concluiu Oliveira.

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