O Paraná passou, nos últimos meses, por uma situação atípica em relação à gripe suína e teve, segundo o secretário de Saúde, Gilberto Martin, que aprender a lidar com a doença em tempo real. “Conseguimos dar respaldo à população paranaense. Com certeza foi um teste importante para o Sistema Único de Saúde (SUS). Investimos emergencialmente mais de R$ 22 milhões em prevenção, diagnóstico e assistência”, afirmou.
Segundo Martin, houve uma resposta rápida dos serviços de saúde, tanto do setor público quanto do privado. Ele disse que a população percebeu que a situação era atípica e colaborou de maneira surpreendente.
No dia 20 de junho, o secretário anunciou, em entrevista coletiva, os dois primeiros casos confirmados de influenza A (H1N1) – gripe suína no Paraná. O último boletim epidemiológico confirmou, por exame laboratorial e critérios clínicos, mais de 48 mil casos da doença em todo o estado. De 14 de julho até agora, 287 pessoas tiveram complicações e morreram. A última morte ocorreu no dia 11 de dezembro.
O boletim mostrou a distribuição das mortes por sexo – 55% de mulheres e 45% de homens. Quanto à faixa etária, 61,7% das mortes ocorreram em pessoas que tinham entre 20 e 49 anos, 19,9% entre 50 e 59 anos e 9,4% entre 5 e 19 anos.
O secretário alertou que esses números mostram que o vírus continua circulando no estado. “A população deve manter os cuidados e hábitos adquiridos durante o inverno, quando eram registrados mais casos da doença. A diferença é que agora a sobrevida do vírus no meio ambiente é mais curta, circula de 20 a 30 minutos, ao contrário do inverno, quando ele sobrevive até oito horas”. Segundo Gilberto Martin, com isso, a transmissibilidade é menor, mas a circulação do vírus ainda é intensa.
Juntamente com outros estados da Região Sul, o Paraná articula junto ao governo federal a prioridade no recebimento das doses da vacina contra a nova gripe. O Ministério da Saúde adquiriu 83 milhões de doses, que começam a chegar neste mês.
O secretário defende que a maior parte das doses seja destinada aos estados que mais registraram casos da doença. Martin lembra que atualmente, no Hemisfério Norte, que tem sido observado pelos países do Hemisfério Sul para acompanhar a evolução da nova gripe, a vacina já está sendo aplicada com sucesso.
As ações do Paraná no enfrentamento da pandemia têm servido de exemplo para outros estados e países, que têm procurado as autoridades da área de saúde para discutir o assunto. “Fomos o primeiro estado a manipular a solução oral para o tratamento infantil e o primeiro a ter os exames descentralizados para o Laboratório Central do Estado (Lacen). Com a descentralização dos exames, pudemos ter o real cenário da epidemia e, com isso, conseguimos planejar as ações com mais assertividade”, explicou.
O Lacen Paraná está fazendo o sequenciamento genético do vírus Influenza H1N1. Foi o terceiro laboratório do Brasil a receber autorização do Ministério da Saúde. Os primeiros resultados revelaram que o vírus que circula no Paraná é muito semelhante aos demais identificados em outras regiões onde ocorreu a epidemia. Não foi identificada nenhuma mutação significativa que diferencie o vírus que circula no estado do que está em outros países.