Depois de vitimar mais adultos jovens, as crianças podem ser as mais atingidas pelo vírus da gripe A (H1N1) durante a chamada segunda onda da doença, prevista para chegar ao Brasil no ano que vem. Essa é uma tendência de migração característica de epidemias, segundo o secretário estadual da Saúde, Gilberto Martin.
No Paraná, a preparação para enfrentar a segunda onda da nova gripe já teve início. Depois das medidas anunciadas para as escolas estaduais do Paraná para 2010, como forma de prevenção à gripe A, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) promoveu ontem e na última sexta-feira o 1.º Simpósio Paranaense de Influenza A (H1N1).
O encontro visou a capacitação dos profissionais de saúde, assim como apresentação de como aconteceu o enfrentamento da doença neste ano, no Paraná, Rio Grande do Sul e em outros países da América Latina, como Chile e Argentina, alguns dos que mais sofreram com a pandemia. “A ideia é aprender com as experiências dos nossos vizinhos e trocar aprendizados sobre o que falhou e o que deu certo neste primeiro momento”, disse Martin.
Uma das experiências que mereceram atenção durante os relatos do simpósio foi a do Chile, que até agora registrou 140 mortes pela doença. “Lá eles entraram com o medicamento (Tamiflu) logo de início, sem medo da resistência que o remédio poderia causar”, lembra Martin.
Em maio, logo no início da pandemia, o Chile produziu um protocolo diferente do orientado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que foi adotado pelo Brasil, e passou a ministrar o medicamento a todos os pacientes maiores de cinco anos que apresentassem sintomas da gripe A. “A medida foi tomada para contenção do vírus e para que não apenas os ricos tivessem acesso à medicação”, explicou o representante do Chile no simpósio, Manuel Najera. Diferentemente do Brasil, no Chile o Tamiflu pode ser comprado nas farmácias durante todos os meses em que durou a pandemia, mas por um alto preço, de US$ 50 a US$ 60.
Avaliação
No ano que vem, as férias escolares de julho serão estendidas de duas para quatro semanas, de 15 de julho a 15 de agosto, para conter a rapidez de disseminação do vírus. Outra orientação da Sesa é que jogos estudantis e atividades culturais sejam evitadas no período de maio a setembro.
O contingenciamento de leitos e a descentralização dos exames laboratoriais, feitas pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-PR), foram destacados pelo secretário da Saúde do Paraná como pontos positivos no enfrentamento da pandemia neste ano. “No início tivemos dificuldade na prescrição do medicamento, mas que logo se resolveu. Hoje ainda temos estoque para 78 mil tratamentos”, afirmou.
Para o ano que vem, além de já chegar ao inverno preparado com o serviço de saúde estruturado no combate à doença, o secretário espera contar com a vacina. “A única forma de conter efetivamente a doença será com a vacina. Em seis semanas, essa pandemia já tinha atingido o mundo todo. Nenhuma outra pandemia teve uma expansão tão rápida”, analisa. No Paraná já são 27.114 casos confirmados da doença, com 277 mortes.
Para o representante da Organização Panamericana de Saúde, Alfonso Tenório, o Paraná reagiu bem à pandemia. “O Paraná viveu o teste mais difícil do Brasil e foi aprovado na forma de enfrentamento”.
