A greve nos Correios continua em todo o País. A maioria dos sindicatos que representam os trabalhadores, entre eles o do Paraná, não aceitou a proposta apresentada no Tribunal Superior do Trabalho (TST), na audiência de terça-feira, de conciliação com a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Agora, o ministro do TST, Vantuil Abdala, vai votar o dissídio coletivo a pedido da direção da empresa. Ele deve decidir também se a greve é abusiva. A data para a votação, porém, ainda não está definida.
Ontem à tarde, o comando nacional de greve levou para a audiência no TST a posição dos trabalhadores de todo o País. Para encerrar a greve, era necessário que 22 dos 33 sindicatos tivessem aceito a proposta, o que não ocorreu. Segundo a assessoria de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom), pelo menos 13 regionais rejeitaram os valores discutidos até agora: Ceará, Espírito Santo, Goiás e Tocantins, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Campinas (SP) e Santa Maria (RS).
O diretor do Sintcom, Nilson dos Santos, afirma que a proposta oferecida pela empresa na audiência de conciliação está muito abaixo do que a categoria almeja. Os Correios ofereceram um abono de R$ 800 e reajuste salarial de 8,5% a partir de 1.º de agosto e 3,61% em fevereiro – além de não punir os grevistas e a não descontar os dias parados, desde que fosse negociada uma forma de reposição. "Mas nós já havíamos rejeitado essa mesma proposta. Está muito abaixo do que estamos pedindo", reclama Nilson.
Segundo ele, a defasagem dos salários acumulada desde 1994 chega a 52,53% e eles exigem 47,17%. Hoje o salário inicial de um carteiro é de R$ 448 e os trabalhadores querem que o piso suba para R$ 932.
Protesto
As manifestações duraram todo o dia de ontem. No meio da tarde, os trabalhadores seguiram pelas ruas de Curitiba até a Câmara Municipal. Lá os vereadores aprovaram uma moção de apoio ao movimento. "Estamos protestando contra a intransigência dos Correios. A negociação já dura dois meses e ainda não houve avanços", diz o sindicalista. No Paraná, os manifestantes também votaram pela expulsão dos integrantes do comando que aceitaram a proposta discutida no TST. "Eles traíram os trabalhadores", lamenta Nilson.
A greve completa hoje nove dias de paralisação. Segundo o diretor do sindicato no Estado, 90% do serviço de distribuição está paralisado no Paraná. Só estão funcionando as entregas por sedex, malotes e contas. A média nacional nesse setor chega a 70%. Já a assessoria de imprensa dos Correios mostra outros números: apenas 30% da distribuição foi afetada nos 51 postos do Paraná. Além disso, apenas duas agências das 470 estão fechadas, uma em Paranaguá e outra em Guarapuava.