Foto: Adriana Cardoso/Jornal do Iguaçu |
Paralisação dos auditores fiscais formou fila de seis quilômetros no lado brasileiro. |
Ontem, mais uma vez o dia foi complicado na Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este. Do lado brasileiro, os auditores fiscais da Receita Federal estão em greve e chegou a se formar uma fila de caminhões de seis quilômetros. Do lado paraguaio, motoristas de táxis, vans e mototaxistas estavam forçando os colegas a aderirem ao movimento. Mesmo com a Polícia Nacional paraguaia atuando perto da ponte, os manifestantes estavam impedindo outros motoristas de cruzarem a fronteira.
Na segunda-feira, os taxistas prometiam fechar a fronteira, mas desistiram da idéia devido ao grande aparato policial empregado para manter a passagem aberta. No entanto, na tarde de ontem voltaram a se concentrar e, embora a ponte estivesse aberta, impediram os colegas de trabalhar. Os mototaxistas que se atreviam a tentar passar para o Brasil ganhavam até tapas na cabeça, tudo sob os olhos da Polícia Nacional. A categoria justificava a ação como forma de manter os motoristas unidos. Os mototaxistas brasileiros também não tiveram coragem para atravessar a ponte. Os paraguaios prometeram apreender as motocicletas. Mais uma vez, os manifestantes pegavam os clientes e as mercadorias no meio da ponte.
Os motoristas paraguaios estão exaltados e hoje prometem expulsar os brasileiros que trabalham ilegalmente no comercio de Ciudad del Este. Eles só podem desempenhar a atividade se morarem na cidade, o que não é o caso de muita gente. Ontem também foi divulgada a informação de que os manifestantes seriam recebidos por autoridades paraguaias na Prefeitura da cidade. Os motoristas querem que o governo adote medidas para gerar empregos na região. A situação ficou mais crítica depois que a Receita Federal brasileira intensificou a fiscalização na fronteira e apreendeu veículos que transportavam mercadorias ilegais. Cerca de 80 taxistas ficaram sem carro para trabalhar. Os paraguaios querem que o governo negocie com o brasileiro para liberar os veículos. Mas a Receita já afirmou que só devolve os veículos através dos trâmites legais, com abertura de processo administrativo ou através da Justiça.
Greve
No lado brasileiro, a dor de cabeça ficou por conta da greve dos auditores fiscais. Dos sete que deveriam estar trabalhando, apenas dois estavam liberando as mercadorias que saem do Brasil ou chegam da Argentina e do Paraguai. A preferência é para cargas vivas e essenciais. O pátio da estação aduaneira está lotado há 16 dias. Ontem havia quase 700 caminhões, alguns parados há duas semanas.
A categoria pede a implantação do Plano de Cargos e Carreiras, que traria também um reajuste nos salários. Mas até agora o governo federal não iniciou negociação com grevistas que cruzaram os braços em vários postos do País. Esta semana, o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal em Foz do Iguaçu, Robson Ferreira, foi para Brasília. Ele terá reuniões até sexta-feira com outros líderes nacionais para avaliar o movimento e definir as próximas estratégias.