Greve dos servidores pode parar o HC

Hospital atende, em média, 11,5 mil pessoas por dia.

A direção do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) espera que o bom senso prevaleça durante a greve dos servidores federais prevista para iniciar na próxima segunda-feira. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do 3.º Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sinditest-PR) já comunicou o hospital sobre a paralisação, causada pela falta de negociação entre servidores públicos e o governo federal. O diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, espera que os servidores em greve também não radicalizem a situação, para evitar que o prejudicado maior seja o usuário do hospital. “Nossos funcionários não são radicais, com raras exceções”, afirmou, ressaltando que não pode prever o que acontecerá no hospital na segunda-feira.

Loddo entende que os grevistas têm suas razões para protestar, já que desde 1994 não recebem aumentos. Contudo, espera que os serviços do hospital não saiam tão prejudicados. O diretor-geral destacou que, numa greve ocorrida há dois anos, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região determinou que os serviços de um hospital são essenciais, não podendo limitá-los apenas a uma parcela de funcionários trabalhando. “A lei dos 30% não vale para hospital. Para exemplificar: temos dez pacientes com infarto agudo do miocárdio, não podemos atender só três e dizer que estamos apenas com 30% da capacidade”, explicou.

Loddo informou que o hospital fará um monitoramento minuto a minuto sobre a situação de atendimento em estado de greve. “Isso nós conseguiremos manter até o momento em que haja risco ao paciente. Daí para frente, teremos que recorrer à Justiça”, declarou. O diretor destacou ainda que, como a negociação com os servidores é no âmbito federal, seu poder de ingerência é praticamente nulo.

O HC conta com 3,6 mil funcionários. Desses, 1,3 mil são contratados pela Fundação da UFPR (Funpar), amparados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em maio, esses funcionários receberam aumento de 5,6% em função de acordo coletivo. Portanto, não se juntam aos demais servidores federais que entrarão em greve.

Mensalmente, o Pronto Atendimento do HC atende 11,5 mil pessoas, em média. A taxa de ocupação dos 628 leitos do hospital é acima de 85%. Por dia, o HC realiza 1,6 mil consultas especializadas. “Há especializadas em que existem consultas agendadas há quatro, cinco meses. Imagine a pessoa se deslocar do interior e encontrar o hospital em greve”, lembrou Loddo, acrescentando que o HC é o único hospital público de grande porte da região de Curitiba.

O diretor-geral do HC destacou que a greve trará outro problema. Como todo recurso do hospital vem do Sistema Único de Saúde (SUS), se ele não trabalhar, não recebe. “Mas as contas continuam existindo para ser pagas”, citou.