Médicos peritos do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) deflagraram, na última terça-feira, uma greve nacional por tempo indeterminado. A adesão inicial foi baixa, mas ontem a paralisação cresceu.
Em Curitiba, apenas 30% dos peritos prestaram atendimento, segundo informações de Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), entidade que representa a classe.
Mesmo com a implantação de portas com detector de metal e com seguranças dentro das agências, a ANMP assegura que isto não é suficiente para garantir a tranquilidade no recinto.
De acordo com a delegada de Curitiba da ANMP, Raquel Fernandes dos Prazeres Scheffel, a greve foi motivada pela falta de segurança com que os profissionais enfrentam no dia-a-dia.
“Constantemente somos vítimas de desacatos e violências verbais. Às vezes, chegamos ao cúmulo de sofrer agressões físicas e até ameaças de morte. Recentemente em Cascavel (oeste do Paraná) uma pessoa chegou a botar fogo em uma agência. É muito complicado trabalhar sob estas condições”, afirma.
Ela revela que isso ocorre devido às filas para se fazer a perícia. “A fila de espera é grande. A pessoa que marca hoje vai conseguir atendimento entre 90 a 120 dias. Nesse período, ela fica com a situação financeira delicada e quando ocorre da perícia der negativa, acontecem todos estes problemas”, garante.
A delegada conta que o INSS instituiu há dois anos grupos de trabalho para melhorias no atendimento médico pericial, que beneficiaria tanto os profissionais quanto a população. Porém, nem tudo foi cumprido.
“Passado esse período, pouca coisa foi feita. Por exemplo, uma campanha educativa para explicar para as pessoas sobre o nosso trabalho não foi realizada e isso é algo importante”, avalia.
Outro problema informado por Scheffel é o de falta de peritos. Ao todo, a capital conta com 52 peritos, dos quais 44 estão na ativa. “Esse plantel não é o suficiente para dar conta de toda a demanda. Precisaríamos muito mais gente para atender a população de forma mais rápida. Há alguns meses, houve um concurso para a contratação de mais de mil peritos, contudo o Ministério do Planejamento vetou esse número e apenas 500 vagas foram preenchidas. Destas, apenas nove vieram para Curitiba”, revela.
A assessoria de comunicação do INSS avisa que o órgão não está se manifestando a respeito da paralisação dos médicos peritos. Porém, informa que quem tiver perícia marcada para os próximos dias deve comparecer na agência. Caso não haja atendimento, a perícia deverá ser remarcada pelo telefone 135, internet, ou mesmo na própria agência.
